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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Contribuições
"Em relação à reportagem "ONG presidida por Marisa cobra de empresas" (Brasil, 7/12), gostaria de comentar o seguinte: 1. a reportagem afirma que "as reclamações dos empresários em relação ao tom imperativo usado pelo governo e seus aliados ao pedir dinheiro para financiar a área social foram, segundo a Folha apurou", um dos motivos da minha saída do governo. Por mais competente que seja a apuração da Folha, não acredito que saiba melhor do que eu quais os motivos que me levaram a tomar a decisão de sair do governo. Em nenhum momento ouvi reclamações de empresários. Ao contrário, sempre recebi inúmeras manifestações e gestos de apoio. O principal motivo da minha saída foi, conforme nota emitida por mim, poder estar mais próximo da sociedade civil para atender à enorme demanda que vinha recebendo de empresas e de setores empresariais que querem, espontaneamente, participar do Fome Zero (que não é um programa de doação de dinheiro, mas um grande programa de inclusão social) e solicitam a minha orientação; 2. minha passagem pelo governo Lula, o que muito me honrou, não foi gratificante apenas pelo "financiamento das 10 mil cisternas no semi-árido" (aliás, são 20 mil), mas por ter iniciado vários programas de engajamento empresarial (alfabetização, bancos de alimentos, restaurantes populares, constituição de bibliotecas, primeiro emprego) que o curto espaço desta carta não me permite relatar; 3. ao contrário do que afirma a reportagem, parte da minha rotina no Ethos não era pedir aos empresários contribuições financeiras para campanhas sociais. O Instituto Ethos, criado em 1998 (que se sustenta com a contribuição financeira de aproximadamente 800 empresas associadas), tem a missão de mobilizar e de apoiar as empresas na implementação de uma gestão socialmente responsável, procurando melhorar a vida de todos os que são impactados por suas ações. Estimuladas por essa mobilização, várias empresas acabam, felizmente, criando programas que beneficiam seus funcionários, consumidores, fornecedores, o ambiente e a comunidade; 4. acredito que a reportagem desconheça o enorme movimento pela responsabilidade social, que está contagiando o setor empresarial brasileiro a ponto de tornar-se hoje uma referência internacional. As empresas perceberam que, ao atuar de forma socialmente responsável, têm mais chance de tornar suas organizações mais lucrativas e competitivas e de se beneficiarem do apoio da sociedade, dos funcionários e dos consumidores na medida em que forem apercebidas como parceiras na construção de uma sociedade socialmente mais justa e econômica e ambientalmente sustentável. Não é por nenhuma pressão, mas por seu próprio interesse, como cidadãos, acionistas e dirigentes, que os empresários se estão engajando em programas sociais e implementando uma gestão socialmente responsável."
Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (São Paulo, SP)

Anaconda
"Em relação à reportagem "Polícia vê 13 indícios de contas no exterior" (Brasil, pág. A10, 5/12), na qual é feita menção ao nome do Standard Chartered Bank, gostaria de esclarecer o seguinte: 1) o Standard Chartered Bank não possui escritório nem, bem como não está presente de nenhuma outra forma nas ilhas Cayman; 2) o Standard Chartered Bank não possui serviços de contas correntes para pessoas físicas em nenhuma das localidades onde está presente na região denominada Américas (América do Norte, Central e do Sul)." Cassio Gurjão, representante Standard
Chartered Bank Brazil (São Paulo, SP)

Resposta do repórter Rubens Valente - A informação, tal como foi narrado na reportagem, consta de papel apreendido pela Polícia Federal no apartamento de Norma Regina Emílio Cunha, ex-mulher do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos.

Maioridade
"Diz o professor Paulo José da Costa Jr. ("Tendências/Debates", 8/12) que urge reduzir a maioridade penal para 16 anos ou menos diante da "relativa impunidade" de que os adolescentes gozam, afirmando que isso seria um dos fatores responsáveis pelo recrudescimento da criminalidade. Afirma ainda que a execução da pena deverá ocorrer em estabelecimentos penais especializados, tendo a sanção um caráter eminentemente pedagógico. Ora, como imaginar o caráter pedagógico em uma prisão comum se a medida socioeducativa de caráter pedagógico preceituada pelo ECA não é cumprida? Aliás, o que é a Febem, senão uma prisão para menores? Se há, de fato, um aumento da criminalidade juvenil, é devido ao não-cumprimento efetivo do ECA. Além disso, temos o exemplo da década de 90, em que foram aprovadas leis severas contra o crime -como a Lei de Crimes Hediondos-, mas a criminalidade só fez aumentar. Se leis mais severas resolvessem, teríamos percebido algum resultado nesse sentido."
Manuel Bonduki e Raul Carvalho Nin Ferreira, estudantes de direito da USP (São Paulo, SP)

Sem concurso
"Com o tamanho do desemprego em São Paulo, chega a ser um escárnio o que a prefeita Marta Suplicy vai fazer ao nomear, sem concurso, mais 465 pessoas para cargos de confiança dela. O que será que Marta tem contra os concursos públicos? Será que seus apadrinhados têm mais direitos que os demais paulistanos?"
Antonio do Vale (São Paulo, SP)

Esqueletos
"Não existe um governo que passe incólume pela síndrome do "esqueleto". Em algum momento, durante ou mesmo após o período de governo, começam a saltar de dentro do armário os "esqueletos" que amedrontam os membros desses governos, seja pelo surgimento de tramóias urdidas nos recantos palacianos, seja pelo descobrimento de redes de corrupção. No caso do PT, os esqueletos surgem em pontos quase extremos do território nacional. Um em Roraima, na administração do governador Flamarion Portela. O outro no Estado de São Paulo, o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel. Infelizmente, os "esqueletos" começam a provocar estragos desde já, ou seja, com menos de um ano de mandato presidencial. Qual é o motivo para que o inquérito sobre Celso Daniel corra em segredo de Justiça? Não era o PT que, na oposição, pregava a transparência? Estaremos diante de mais uma bravata de campanha?"
Floro Sant'ana de Andrade Neto (Maceió, AL)

Obras
"Na primeira vez que li no "Painel do Leitor" uma opinião sobre o caos das obras da Prefeitura de São Paulo, atribuindo as demoras e a aparente falta de planejamento à estratégia político-eleitoral de Marta Suplicy, que buscaria promover-se com a confusão e a demora gerada, achei que, embora a descrição dos fatos fosse exata, ninguém em sã consciência seria capaz de utilizar tal expediente. Depois mudei de opinião ao observar, por exemplo, a obra do corredor de ônibus da avenida Robert Kennedy, na zona sul. Realmente, não há justificativa para o que eles vêm fazendo, ou melhor, para o que não vêm fazendo. A avenida está toda aberta e retalhada e, em muitos trechos quase prontos, falta apenas um detalhe -de propósito, ao que tudo indica- para não atrapalhar o trânsito. Vejo que outros leitores, como o senhor Luigi Petti, têm a mesma opinião."
Amélia Vasconcelos (São Paulo, SP)

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