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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Violência não, educação sim
IBGE acaba de publicar a
nova estatística de mortalidade da população. Ela
mostra que o Brasil envelheceu,
mas, lamentavelmente, ficou mais
violento. O envelhecimento traduz
a marca das nações desenvolvidas,
nas quais as pessoas estão vivendo
mais e com mais qualidade. O Brasil está nessa trajetória.
Em 1960, a esperança de vida era
de 55 anos. Hoje é de 72 anos -feito que traduz a melhoria dos sistemas de prevenção e tratamento de
doenças, entre outros fatores.
É inaceitável, porém, verificar
que a violência cresceu 100% nesse
período, tendo chegado a um patamar horripilante. Em 2005, 12,5%
do total de óbitos foram devidos a
homicídios, suicídios e acidentes
de trânsito. Essa é marca do anti-desenvolvimento.
Não sou especialista no assunto,
mas leio que o problema tem muitas causas: desarranjos familiares,
falta de emprego, baixa renda, habitação precária, educação de má
qualidade etc.
Álcool e droga são componentes
de muita importância. A redução
dos exageros no álcool e a eliminação do uso de entorpecentes ajudariam muito na diminuição das
mortes violentas. Isso, por sua vez,
requer uma série de medidas nas
famílias, escolas, igrejas, no trabalho e nos fatores de potencialização de uso -bares e casas noturnas, por exemplo.
Nesse aspecto, há boas promessas. Vários municípios estão proibindo o funcionamento dos bares
nas madrugadas. Na capital de São
Paulo, com o esforço de apenas 30
fiscais, a lei está sendo respeitada
de forma crescente. Os repórteres
do caderno Metrópole de "O Estado de S. Paulo" observaram que, às
2h, o único ser vivo que perambulava no bairro boêmio de Vila Madalena na noite de sexta feira, 23 de
novembro, era um cachorro vira-lata. A grande maioria dos bares estava de portas fechadas. Assim
ocorria em vários outros bairros da
cidade. Calma na cidade.
O fechamento desses estabelecimentos em horários civilizados
ajudou a reduzir os ruídos provocados por bares, restaurantes, danceterias e casas noturnas. Pode-se
dizer que os paulistanos passaram
a dormir, finalmente, um sono melhor, mais do que merecido, depois
de um dia de trabalho estafante.
Sei que isso é uma gota d'água no
combate à criminalidade e à violência urbanas. Mas, se cada um fizer sua parte -por menor que seja-, poderemos ter dias melhores.
Não podemos continuar perdendo tantos jovens em atos desvairados e por violência. Os mais atingidos são os rapazes de 20 a 29 anos,
que estão na flor da idade e têm pela frente uma vida a ser construída
em benefício próprio e do Brasil.
Oxalá a próxima pesquisa do IBGE mostre que os brasileiros vivem
mais, melhor e em paz!
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna
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