São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Violência não, educação sim

IBGE acaba de publicar a nova estatística de mortalidade da população. Ela mostra que o Brasil envelheceu, mas, lamentavelmente, ficou mais violento. O envelhecimento traduz a marca das nações desenvolvidas, nas quais as pessoas estão vivendo mais e com mais qualidade. O Brasil está nessa trajetória.
Em 1960, a esperança de vida era de 55 anos. Hoje é de 72 anos -feito que traduz a melhoria dos sistemas de prevenção e tratamento de doenças, entre outros fatores.
É inaceitável, porém, verificar que a violência cresceu 100% nesse período, tendo chegado a um patamar horripilante. Em 2005, 12,5% do total de óbitos foram devidos a homicídios, suicídios e acidentes de trânsito. Essa é marca do anti-desenvolvimento.
Não sou especialista no assunto, mas leio que o problema tem muitas causas: desarranjos familiares, falta de emprego, baixa renda, habitação precária, educação de má qualidade etc.
Álcool e droga são componentes de muita importância. A redução dos exageros no álcool e a eliminação do uso de entorpecentes ajudariam muito na diminuição das mortes violentas. Isso, por sua vez, requer uma série de medidas nas famílias, escolas, igrejas, no trabalho e nos fatores de potencialização de uso -bares e casas noturnas, por exemplo.
Nesse aspecto, há boas promessas. Vários municípios estão proibindo o funcionamento dos bares nas madrugadas. Na capital de São Paulo, com o esforço de apenas 30 fiscais, a lei está sendo respeitada de forma crescente. Os repórteres do caderno Metrópole de "O Estado de S. Paulo" observaram que, às 2h, o único ser vivo que perambulava no bairro boêmio de Vila Madalena na noite de sexta feira, 23 de novembro, era um cachorro vira-lata. A grande maioria dos bares estava de portas fechadas. Assim ocorria em vários outros bairros da cidade. Calma na cidade.
O fechamento desses estabelecimentos em horários civilizados ajudou a reduzir os ruídos provocados por bares, restaurantes, danceterias e casas noturnas. Pode-se dizer que os paulistanos passaram a dormir, finalmente, um sono melhor, mais do que merecido, depois de um dia de trabalho estafante.
Sei que isso é uma gota d'água no combate à criminalidade e à violência urbanas. Mas, se cada um fizer sua parte -por menor que seja-, poderemos ter dias melhores.
Não podemos continuar perdendo tantos jovens em atos desvairados e por violência. Os mais atingidos são os rapazes de 20 a 29 anos, que estão na flor da idade e têm pela frente uma vida a ser construída em benefício próprio e do Brasil.
Oxalá a próxima pesquisa do IBGE mostre que os brasileiros vivem mais, melhor e em paz!

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna

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