São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2010

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FERNANDO CANZIAN

Exploração da miséria

SÃO PAULO - Os quase 300 pobres começaram a chegar ao Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio, às 8h30 de anteontem. Representavam 100 mil famílias que receberão, todo mês, R$ 70 em média do programa Família Carioca, patrocinado pelo prefeito Eduardo Paes.
Trata-se de uma extensão do Bolsa Família e atenderá miseráveis que, apesar de estarem no programa federal, ainda vivem com menos de R$ 3,50 ao dia.
Duas horas e 40 minutos depois, diante de crianças irritadas e adultos aborrecidos pela espera e pelo calor, chegam os políticos.
Com expressões de contentamento, sobem ao palco o presidente Lula, o governador Sérgio Cabral e seu vice, Pezão, Paes, os senadores eleitos Lindberg Farias e Marcelo Crivella, entre outros.
O "drive" de campanha ainda não foi desligado. Por mais de uma hora, a plateia ouve autoelogios e cumprimentos recíprocos. "Podem bater palmas que eu não me incomodo", diz Paes antes de falar.
Lula, Cabral e Paes martelam sem dó os que mandavam no Rio há poucos anos: os donos de "desvios e desmandos" Anthony e Rosinha Garotinho, ex-governadores, e Cesar Maia, ex-prefeito.
Falando aos pobres, Lula diz que eles "só valem mais do que os ricos em época de eleição". Alerta Paes: "Vão dizer que esse moço aprendeu com o Lula a dar mais uma esmola, a criar um bando de vagabundos. O que esses ignorantes não sabem é que cada ajuda são mais calorias, mais saúde para as crianças".
O Bolsa Família e congêneres são baratos, eficientes e elogiados por organizações quase pouco suspeitas como o Banco Mundial.
No Brasil, ao lado do crescimento do emprego e da renda, ajudaram a reduzir de 57 milhões (33% da população) para cerca de 30 milhões (15,5%) os que vivem com menos de R$ 140 ao mês.
Como disse no vídeo promocional do Família Carioca a nova beneficiária Elisangela, "é um prato cheio para todo mundo".


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