São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLAUDIA ANTUNES

O fôlego de Garotinho

RIO DE JANEIRO - O PSDB enfrenta a disputa interna entre mineiros e paulistas, o PFL se recompõe do fiasco Roseana, o PMDB decide em que locomotiva vai enganchar seu vagão (e pode passar quatro anos decidindo). Mas Anthony Garotinho, independentemente do que faça o seu partido, não perde tempo.
Fiel ao estilo acelerado, o ex-governador, terceiro colocado na eleição presidencial, já botou seu bloco na rua. Há quatro dias, voltou a ser a principal atração do programa diário "Na Paz do Senhor de Coração", da rádio Melodia.
No quadro -interrompido no ano passado, por ordem da Justiça Eleitoral-, ele conversa com Francisco Silva, dono da rádio e seu ex-secretário de Habitação. Pede orações para que Rosinha "possa levantar o Estado, que ficou numa situação terrível", e ataca a ex-governadora e atual ministra Benedita da Silva.
Ontem, Garotinho se juntou em Brasília à cúpula do PSB, que discutia indicações para cargos federais. Saiu dizendo que não queria nada. Na rádio, não atacou ninguém. Pediu ajuda dos ouvintes para fazer um cadastro de todas as denominações evangélicas do Brasil -num levantamento preliminar, chegou a mil.
Por enquanto, Garotinho evita o confronto com o Planalto. Nessa frente, está Rosinha. Enquanto o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, também do PSB, diz que não entrará na Justiça para desbloquear receitas retidas pela União, Rosinha já entrou e ganhou liminar no STF. Apela a Lula, o "trabalhador", para que "não deixe os funcionários do Estado sem salário".
Rosinha assumiu denunciando a falência do Rio. No dia 27 de março, quando ainda era secretária de Ação Social do Estado, um relatório do Tribunal de Contas alertava para a possibilidade de faltar "dotação orçamentária para honrar" o pagamento dos funcionários. Garotinho ensinou: "Todo ano falta. O governador, então, pede suplementação à Assembléia". Em 2002, o artifício não funcionou. Mas ele já assistia à crise da arquibancada.


Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: A encruzilhada
Próximo Texto: José Sarney: Desordem na ordem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.