SÃO PAULO - Geraldo Alckmin ora se apresenta em galope curto, no cânter prévio ao páreo presidencial. Não tem nada a perder, mesmo que saia da raia e acabe no canteiro dos deputados federais como o puro-sangue mais lustroso e votado. Dada a leseira do verão dos janeiros sem fatos, faz barulho marqueteiro.
Lá por novembro do ano passado, circulava que os tucanos haviam decidido esfriar a disputa interna, esperar as pesquisas e decidir por consenso o que fazer, em fevereiro. Alguns políticos e jornalistas, este inclusive, compraram essa versão, que não fazia muito sentido para os alckmistas, ora se vê com clareza. Cabresteado nas baias tucanas, Alckmin não seria muito mais que um azarão.
Agora, Alckmin pode atropelar na reta final de março, no mínimo já faz campanha para o Congresso ou para o papel de grande eleitor tucano e passa a imagem de político decidido e nacional. Serra corre o risco de parecer indeciso, temeroso do possível impacto de renunciar à prefeitura ou, pior, de duvidar de sua capacidade de bater Lula.
Mas isso tudo ora é conversa de minorias, políticos, ricos, empresários, jornalistas. O povo, que está cuidando de sua vida dura, não vai ao Jockey, vê relances da corrida na TV. Altos tecnocratas e empresários que enxameiam no tucanato vão influir? A maioria do alto tucanato volta a sair de fininho da disputa quase pública de serristas e alckmistas. Serra parece decidido a ficar quieto até o final de fevereiro. Mas vai manter o sangue frio se os galopes de marketing de Alckmin pelo país aparecerem nas pesquisas? O número cru das pesquisas será determinante?
Mais importante, porém, não é a corrida de cavalos. Afora a imagem política que Alckmin e Serra projetam, vai se saber algo da substância de suas candidaturas (apoios sociais, entorno e idéias) antes que os tucanos façam suas apostas, em março?