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Editoriais
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Haja perdão
UMA BOA dose de paciência,
e até de bom humor, é necessária ao cidadão que
acompanha alguns episódios do
noticiário político. Graves irregularidades acabam por assumir
um aspecto folclórico, e a caricatura toma conta da realidade.
Abandonada a famosa justificativa dos panetones para a população carente -teria sido para
comprá-los que o governador do
DF, José Roberto Arruda, embolsou dinheiro vivo num vídeo
de repercussão nacional-, o personagem volta à cena.
Declara, num evento público,
que "perdoa" aqueles "que o
agrediram". Só assim, continuou, "eu posso também pedir
perdão dos meus pecados".
Não é a primeira vez, como se
sabe, que Arruda apela à generosidade da população. Em 2001,
da tribuna do Senado, depois de
alguns dias jurando inocência no
caso da violação do painel eletrônico, admitiu a participação no
escândalo e, emocionado, pediu
perdão pelo que fez.
Seria o caso de dizer que agora
a história se repete como farsa;
mas de farsa já se tratava no primeiro episódio -e as novas desculpas de Arruda mais parecem
assemelhar-se a alguns sambas e
boleros do passado, em que maridos incorrigíveis e boêmios
contumazes prometem à mulher, com muita ginga e humildade, emendar-se da próxima vez.
A vontade é de desligar a velha
radiovitrola -mas a política de
Brasília não dá sossego. Veja-se o
caso das passagens aéreas.
No auge do escândalo, a mesa
do Senado determinou que não
mais se acumulassem de um ano
para outro as cotas dos senadores. A medida foi revogada em
dezembro. Como se não bastasse, Senado e Câmara registram
aumento nos gastos com horas
extras de funcionários em 2009.
Haja perdão para tudo isso.
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