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AGENDA POSITIVA
O ministro Luiz Gushiken
considerou, em audiência
com a Federação Nacional dos Jornalistas, que o papel da imprensa deveria ser mais o de perseguir uma
"agenda positiva" do que "exploração do contraditório, que fomenta
discórdias e conflitos de egos".
Ninguém pode retirar do ministro
o direito de opinar sobre o que quer
que seja. No caso, porém, o titular da
pasta da Comunicação parece ter
perdido uma boa oportunidade para
manter-se em silêncio.
As declarações acabaram soando
como se fossem uma tentativa de
uma autoridade pública de indicar
qual o caminho deve ser seguido pelos meios de comunicação -evidentemente, aquele que se mostra mais
conveniente para o poder.
É no mínimo estranho que alguém, como o ministro, ligado a um
partido que se empenhou na conquista de liberdade de expressão
pense dessa maneira. Também sob o
regime militar, acreditaria Gushiken
que o papel da imprensa deveria ter
sido o de apenas se preocupar com a
"agenda positiva"?
É até compreensível que alguém
que ocupe a posição do ministro
possa sentir algum desconforto com
críticas e notícias sobre fatos eventualmente negativos para o governo.
Não é função, porém, da imprensa
dourar a pílula -ao contrário, aliás,
da propaganda governamental, que
de tanto querer divulgar a "agenda
positiva" acabou até mesmo por
mostrar imagens inverídicas na TV.
Quanto à idéia de que a mídia "fomenta discórdias e conflitos de
egos", é insustentável. Há razões de
sobra -muitas delas infelizmente
nada nobres- para que políticos ligados ou não ao governo entrem em
conflito e queiram impor suas vaidades. Não é preciso nenhum impulso
da imprensa para que isso ocorra.
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