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ARMA CONTRA O CRIME
O drástico empobrecimento
da sociedade argentina, fruto
de uma crise econômica sem precedentes, vai produzindo efeitos deletérios nas mais diversas áreas, entre
elas a de segurança.
Tradicionalmente mais educada e
mais homogênea, em termos socioeconômicos, do que o Brasil, a Argentina sempre se viu e foi vista como o mais "europeu" dos países da
América do Sul. Com o desmoronamento de sua economia, os argentinos vão agora conhecendo mais de
perto alguns dos antigos dramas de
seus países vizinhos. Entre eles, está
a dramática realidade da desigualdade que se traduz em violência.
Há uma semana, cerca de 130 mil
pessoas foram às ruas de Buenos Aires exigir medidas para deter a criminalidade. Como costuma ocorrer
nesses momentos de comoção, a demanda da sociedade e as respostas
dos governantes foram numa única
direção: criar leis e penas mais duras.
Esse processo tem ocorrido no Brasil de maneira exemplar. A cada onda
de delitos mais chocantes, elevam-se
os clamores para a adoção de penalidades mais rigorosas. Se o crime é de
seqüestro, pedem-se leis as mais rigorosas contra os seqüestradores. Se
é cometido por um menor, que se altere o quanto antes a maioridade penal. Se o problema são as drogas,
que o tráfico seja considerado crime
hediondo e inafiançável.
É compreensível que a sociedade
assim reaja, amedrontada pela escalada da violência. A triste realidade,
porém, é que essa "legislação de pânico" com freqüência serve mais para amainar as pressões dos cidadãos
de bem do que para mudar a rotina
do crime. Não há dúvida de que uma
polícia mais bem preparada, um Judiciário mais ágil, leis adequadas e
um sistema prisional eficiente são
elementos indispensáveis para enfrentar a criminalidade. Certo, no entanto, como evidencia a deterioração
do quadro no país vizinho, é que para vencer esse combate ainda não foram inventadas armas melhores do
que emprego e distribuição de renda.
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