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TENDÊNCIAS/DEBATES
O Fundeb é a escola para todos
Nunca a União contribuiu tanto para a educação básica como deverá fazê-lo a partir da vigência do Fundeb
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IARA BERNARDI e SEVERIANO ALVES
Artigo publicado nesta Folha
no dia 2/4 considera que a PEC
(proposta de emenda constitucional)
do Fundeb, aprovada pela Câmara dos
Deputados, pode ser um desastre. Antes
de qualquer outra argumentação, gostaríamos de lembrar que a proposta, enviada pelo Poder Executivo, foi resultado de uma profunda discussão com todos os setores envolvidos. Participaram
desse processo os secretários estaduais
de Educação, assim como os secretários
municipais, estudantes e os professores,
por meio de suas entidades nacionais.
Na Câmara dos Deputados, os debates foram intensos, contando, inclusive,
com a participação do ministro da Fazenda e do ministro da Educação. Após
inúmeras negociações, a emenda foi
ampliada e modificada para melhor
com diferentes setores. Além de incluir
as creches no Fundeb, foram aumentados os recursos para que esta demanda
pudesse ser atendida. A comissão especial aprovou a PEC por unanimidade,
portanto, com o voto favorável de parlamentares de todos os partidos.
Em plenário, o Fundeb foi aprovado
pela quase totalidade dos parlamentares presentes. No primeiro turno, com
apenas cinco votos contra, e, no segundo turno, com dois votos contrários, demonstrando, assim, que se trata de uma
proposta de Estado, e não de governo
ou de um partido -logo, de interesse
de toda a nação.
O Fundef redistribuiu 60% dos recursos da educação, estaduais e municipais, entre as cidades no interior dos Estados para financiamento do ensino
fundamental. A União, no entanto, contribuiu apenas simbolicamente para a
complementação dos fundos dos Estados que não atingem o valor mínimo
por aluno, enquanto que, com o Fundeb, essa complementação aumentará
em quase dez vezes ao longo de quatro
anos.
Por ser focado exclusivamente no ensino fundamental, o Fundef prejudicou
o ensino médio e o ensino infantil. Os
recursos disponíveis por aluno chegam
a ser 30% menores no ensino médio em
relação ao ensino fundamental. O Fundeb veio corrigir esses problemas.
Em primeiro lugar, por enfocar a educação básica como um todo, o que permite um melhor planejamento das
ações de governo no atendimento de
crianças e jovens em idade escolar, além
de garantir a integralidade da educação
básica assegurada na Constituição Federal. O Fundeb oferece, também, a
oportunidade de estudo àqueles que
não puderam cursar uma escola na idade esperada.
A crítica central apresentada no citado artigo se refere exatamente à oferta
de estudo para os cidadãos e cidadãs
que não cursaram a escola na idade esperada ou não conseguiram concluir
seus estudos, seja no ensino fundamental, seja no ensino médio. A Constituição Federal assegura, em seu artigo 208,
inciso I, o ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive sua oferta para
todos os que não tiveram acesso na idade própria. O inciso II do mesmo artigo
da Carta Magna prevê a universalização
progressiva do ensino médio. Com o
Fundeb, a obrigatoriedade da oferta de
vagas se estende também para a educação infantil e o ensino médio.
A nós parece essencial que o Fundeb
abra a possibilidade da inclusão de brasileiras e brasileiros no processo de escolarização, fundamental para o país e
um direito inalienável de todo ser humano. A legislação infraconstitucional
deverá estabelecer os critérios de incorporação dessa população ao Fundeb de
modo a garantir a quantidade mínima
necessária de recursos por aluno em cada fase da educação básica.
As negociações realizadas entre a comissão especial que analisou a PEC do
Fundeb com a área econômica assegurou recursos da União da ordem de R$
4,5 bilhões, em valores de 2005, ao final
de quatro anos, e 10% do valor total de
todos os fundos a partir do quinto ano
de vigência do Fundeb, atingindo valores da ordem de R$ 4,8 bilhões (em valores atuais).
Nunca a União contribuiu tanto para
a educação básica como deverá fazê-lo a
partir da vigência do Fundeb.
A sugestão apresentada pelo autor do
referido artigo de criação de três fundos
foi desconsiderada pela Câmara dos
Deputados quando 98,92% dos 463 deputados e deputadas presentes em plenário aprovaram o Fundeb em primeiro turno e 99,01% dos 404 deputados e
deputadas presentes em plenário o fizeram em segundo turno.
Temos a certeza de que o Senado Federal, sempre zeloso com os interesses
da nação, irá aprovar a PEC do Fundeb
como uma proposta de escola para todos, de tal modo que seja possível sua
implementação a partir do segundo semestre deste ano.
Iara Bernardi é deputada federal pelo PT-SP.
Foi a relatora da Comissão Especial da PEC do
Fundeb na Câmara dos Deputados.
Severiano Alves é deputado federal pelo PDT-BA. Foi o presidente da Comissão Especial da PEC do Fundeb na Câmara dos Deputados.
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