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CHANCE PERDIDA
Os sinais de aquecimento do
mercado de trabalho nos EUA
foram reforçados nos últimos dias. A
abertura de vagas no mês de abril foi
bem maior do que esperava o mercado. Além disso, os dados relativos
aos meses anteriores foram revistos
para cima, sinalizando que o prolongado período de contração do emprego realmente ficou para trás. Ficou reforçada a impressão de que em
breve terá início um processo de aumento da taxa de juros básica pelo
Fed (o banco central norte-americano). Ao lado disso, o preço internacional do petróleo voltou a subir.
O impacto dessas notícias sobre o
mercado financeiro brasileiro foi relevante. Diante da perspectiva de que
atrair capitais do exterior ficará mais
difícil, o dólar subiu e os títulos da dívida externa caíram.
É claro que esses movimentos são
incômodos e não ajudam a consolidar as perspectivas, ainda frágeis, de
aceleração do crescimento no Brasil.
Mas não chegam a constituir uma
surpresa: era previsível que em algum momento o quadro internacional se tornaria menos favorável.
Desde o segundo trimestre do ano
passado, o contexto externo mantinha-se extremamente propício à recuperação das contas externas do
país: os juros internacionais situavam-se em nível excepcionalmente
baixo, facilitando a atração de capitais, e o crescimento da demanda internacional havia ganhado ímpeto,
ajudando na expansão das exportações brasileiras e na elevação de seus
preços. Mas a persistência por muito
mais tempo dessa combinação de juros muito baixos e crescimento em
aceleração era improvável.
É de lamentar que as facilidades
que agora se estreitam não tenham
sido mais bem aproveitadas. Menos
mal que a razão que levava o Fed a
manter a sua taxa de juros básica tão
baixa, isto é, o temor de que a economia norte-americana pudesse voltar
a entrar em recessão, esteja sendo superada. Uma recaída recessiva dos
EUA seria mais deletéria para as
perspectivas da economia brasileira
do que o movimento de alta dos juros internacionais que se prenuncia.
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