São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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CHANCE PERDIDA

Os sinais de aquecimento do mercado de trabalho nos EUA foram reforçados nos últimos dias. A abertura de vagas no mês de abril foi bem maior do que esperava o mercado. Além disso, os dados relativos aos meses anteriores foram revistos para cima, sinalizando que o prolongado período de contração do emprego realmente ficou para trás. Ficou reforçada a impressão de que em breve terá início um processo de aumento da taxa de juros básica pelo Fed (o banco central norte-americano). Ao lado disso, o preço internacional do petróleo voltou a subir.
O impacto dessas notícias sobre o mercado financeiro brasileiro foi relevante. Diante da perspectiva de que atrair capitais do exterior ficará mais difícil, o dólar subiu e os títulos da dívida externa caíram.
É claro que esses movimentos são incômodos e não ajudam a consolidar as perspectivas, ainda frágeis, de aceleração do crescimento no Brasil. Mas não chegam a constituir uma surpresa: era previsível que em algum momento o quadro internacional se tornaria menos favorável.
Desde o segundo trimestre do ano passado, o contexto externo mantinha-se extremamente propício à recuperação das contas externas do país: os juros internacionais situavam-se em nível excepcionalmente baixo, facilitando a atração de capitais, e o crescimento da demanda internacional havia ganhado ímpeto, ajudando na expansão das exportações brasileiras e na elevação de seus preços. Mas a persistência por muito mais tempo dessa combinação de juros muito baixos e crescimento em aceleração era improvável.
É de lamentar que as facilidades que agora se estreitam não tenham sido mais bem aproveitadas. Menos mal que a razão que levava o Fed a manter a sua taxa de juros básica tão baixa, isto é, o temor de que a economia norte-americana pudesse voltar a entrar em recessão, esteja sendo superada. Uma recaída recessiva dos EUA seria mais deletéria para as perspectivas da economia brasileira do que o movimento de alta dos juros internacionais que se prenuncia.



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