São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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FUNDAÇÕES E FUNDOS

A existência de fundações de direito privado na USP, como a Fundação Zerbini, administradora do Instituto do Coração (Incor), e a Fundação Instituto de Administração (FIA), que promove cursos pagos de economia e administração, tem sido motivo de controvérsias ardorosas no interior da universidade.
A relação entre as fundações e a universidade pública é delicada e demanda reflexão. Embora vinculadas à universidade, essas instituições possuem considerável autonomia no que tange aos processos decisórios e aos entraves burocráticos característicos dos órgãos públicos. Essa condição as capacita a imprimir agilidade e dinamismo às suas atividades.
No entanto há suspeitas de que tais instituições violem de várias formas o caráter público da universidade. Uma parcela considerável de alunos e professores é partidária dessa tese e argumenta, por exemplo, que através das fundações entidades privadas interferem indevidamente nas atividades acadêmicas. Além disso, critica-se também o fato de que tais instituições oferecem cursos pagos nas dependências da USP.
Ocorre que as fundações têm se mostrado lucrativas. Em 2001, prestando serviços a empresas privadas e públicas, elas arrecadaram R$ 457,8 milhões, valor equivalente a 35% do orçamento total da USP. Diante de dados como esses, fica patente seu potencial para a geração de recursos.
Igualmente evidente é a crise financeira vivida pela universidade. As recorrentes greves de funcionários e professores fornecem uma prova veemente dos estragos causados pela crise. É estranho, nesse contexto, que setores da comunidade universitária sejam irredutivelmente contrários a esses empreendimentos geradores de recursos. As fundações da USP podem e devem servir para ajudar a sanar as finanças da instituição. É claro que será preciso debater e estipular regras que garantam a justa distribuição dos lucros. Contudo negar-se dogmaticamente a lançar mão dessa possibilidade é uma atitude que só pode ser qualificada como conservadora e insensata.


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