São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FERNANDO RODRIGUES

Reviravolta em São Paulo

BRASÍLIA - As novas revelações sobre Paulo Maluf provocam uma guinada na sucessão paulistana. Mesmo sem comprovação no âmbito judicial sobre as contas na Suíça, o estrago político já está consumado.
Antes de os documentos surgirem, Maluf aparecia como candidato de razoável poder de fogo. O escândalo se restringia a manchetes antigas. Confundia-se com outros tantos. Além disso, o ex-prefeito está longe de um cargo executivo desde 1996. O tempo opera milagres.
Agora, na melhor das hipóteses, Maluf conseguirá ainda ser o candidato de sempre a prefeito de São Paulo. Terá seu eleitorado cativo, que não se importa com a pecha -nunca comprovada em definitivo- de cleptômano que os adversários tentam colar nas suas costas.
Ocorre que o voto malufista, inelástico por natureza, fica ainda mais encapsulado depois de um escândalo como o atual. Num eventual segundo turno, Maluf volta a ser presa fácil. Isto é, se conseguir passar ao segundo turno -as próximas pesquisas é que vão esclarecer esse ponto.
Nesse cenário, pavimenta-se o caminho para a entrada de José Serra na disputa. O tucano tem relutado. Deu demonstrações de não desejar concorrer. O enfraquecimento de Maluf pode funcionar como antídoto a favor do nome mais competitivo do PSDB para enfrentar o PT.
É evidente que Marta Suplicy é favorita. A petista inaugurará obras a granel. Antes da eleição, retirará os tapumes que atrapalham o trânsito. Também é lícito supor que o PT federal sairá do estado de catatonismo atual para ajudá-la em São Paulo.
Ainda assim, não custa lembrar o que declarou outro dia Silvio Pereira, secretário-geral do PT: "Não afasto a possibilidade de derrota. De repente, vem a candidatura Serra".

A pensata do "New York Times" sobre os supostos hábitos etílicos de Lula caiu como uma bomba nos bastidores do poder em Brasília.


Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Um brinde à picaretagem
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Água vem do ribeirão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.