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TENSÃO NA BASE DE FHC
A base política do governo Fernando Henrique Cardoso nunca foi
exemplo de coesão, como deixou evidente, ao longo do primeiro mandato, uma sucessão de penosas negociações no Congresso. Com a traumática mudança do regime cambial e
o subsequente aumento da impopularidade do presidente, ela parece ter
entrado, por ora, em crise sistêmica.
O resultado mais visível e politicamente custoso dessa desorganização
é a CPI do sistema financeiro. Ela só
pôde nascer porque se desencadeou
uma disputa entre partidos da base
parlamentar para ocupar o espaço
deixado por um presidente agora fragilizado. Em poucas ocasiões ficou
tão patente que personalidades como
Antonio Carlos Magalhães (PFL) e Jader Barbalho (PMDB) dificilmente
perdem oportunidade de capitalizar-se com o enfraquecimento da
Presidência da República.
Foram necessárias três semanas de
erosão na credibilidade do governo
federal, pelo flanco do Banco Central
e sua desastrada atuação na mudança
do câmbio, mas finalmente o Planalto esboçou uma reação. Reuniram-se
as principais lideranças, cobraram-se fidelidades e coerência, acordou-se um limite temporal para a duração da CPI -deixando na opinião
pública a impressão incômoda de
que a Presidência teme o aprofundamento da investigação.
Para efeito externo, as arestas foram aparadas e os projetos eleitorais
para 2002, adiados. O retrospecto
político sugere que a trégua tem bases frágeis, suspeita reforçada pelo
decisão do PFL, em convenção, de
apresentar candidato próprio.
ACM não assume sua candidatura,
aparentemente desejada por muitos
correligionários. Tampouco se permite excluí-la. O governador Mário
Covas (PSDB-SP) retira dessa ambiguidade a certeza de que o pefelista
sairá candidato, e tratou de apontar o
risco de que a sucessão passe a monopolizar a política federal.
Na realidade, os partidos da coalizão sempre puseram seus interesses
estratégicos à frente, hábito que só
tende a recrudescer com a perspectiva de uma eleição presidencial.
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