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Jogo limpo
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sancionou há pouco dias,
sem vetos ou alterações, a lei que
proíbe a candidatura de políticos
condenados por crimes graves em
julgamentos que envolvam colegiados -ou seja, mais de um juiz.
O projeto, conhecido por Ficha
Limpa, nasceu de uma ampla mobilização da sociedade. Subscrito
por cerca de 1,6 milhão de cidadãos, foi apresentado ao Legislativo pelo mecanismo constitucional
da iniciativa popular. Apesar do
ceticismo que cercou a iniciativa,
sofreu alterações e foi aprovado.
Cabe agora ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ao STF (Supremo Tribunal Federal) dirimir duas
dúvidas: primeiro, se as normas
terão validade já na eleição deste
ano; segundo, se a lei se aplicará a
candidatos condenados antes de
sua promulgação.
A lei, como esta Folha já destacou, tem problemas. O mais espinhoso deles é a dificuldade de
conciliar o princípio da presunção
da inocência, tantas vezes reiterado em decisões do STF, com a
ideia de que alguém deva ser privado de seus direitos políticos enquanto ainda não foi julgado em
última instância. Não obstante, o
diploma reflete a salutar vontade
dos eleitores de contar com homens públicos mais honestos.
Seja qual for a interpretação
que prevalecer, não se deve menosprezar esse apelo. Os partidos,
tantas vezes refratários às demandas republicanas do eleitorado,
poderiam fazer um gesto pela decência na vida pública, mais em
conformidade com o espírito do
que com a letra da nova lei.
Hoje começam as convenções
partidárias. As legendas deveriam
aproveitar o momento de oficialização das candidaturas para assumir o compromisso e -mais- recomendar expressamente às suas
respectivas seções estaduais que
se orientem pelo ânimo do Ficha
Limpa na escolha dos candidatos
que irão apresentar à sociedade.
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