|
Próximo Texto | Índice
ECONOMIA FRACA
Voláteis, nervosos, os movimentos do mercado financeiro
costumam dominar o noticiário.
Mas é evidente que, mais do que nas
mesas de operações do mercado financeiro, o drama da economia se
desenrola sobretudo no cenário menos agitado, mais "frio", da chamada economia "real": no dia-a-dia das
empresas do setor produtivo.
Os sinais recentemente emitidos
pela economia real não são positivos. O mais abrangente aparece na
pesquisa do IBGE sobre a produção
da indústria em maio. A produção
revelou debilidade nas várias comparações habitualmente feitas. Teve
queda muito forte sobre abril (que
havia sido um mês atipicamente favorável) e pequena contração sobre
maio de 2001. Mais importante, teve
piora o indicador que o próprio IBGE, reconhecendo a irregularidade
inerente a suas apurações mensais,
considera o mais apropriado para
aquilatar a tendência da produção: a
média móvel trimestral.
A despeito das oscilações dos dados mensais, desde dezembro esse
indicador vinha exibindo altas sucessivas, refletindo a retomada da atividade propiciada pelo relaxamento do
racionamento de energia elétrica.
Mas em maio ele recuou 0,4%, sobre
abril, sinalizando que a produção
efetivamente perdeu força.
Mesmo antes da divulgação desses
dados, essa percepção já se generalizara. No começo do ano falava-se em
expansão do PIB de 2,5%, até 3%.
Hoje a projeção média do mercado,
segundo o Banco Central, é de 2%.
A turbulência vivida pelo mercado
financeiro desde maio contribuiu para a piora das expectativas, pois a incerteza inibe a produção. Mas a perda de dinamismo já não é só algo que
se espera: é algo que está em curso.
Com isso, caminha-se para mais
um ano de crescimento muito baixo
da economia, estendendo a virtual
estagnação da renda per capita observada desde 1998. Baixo crescimento que é consequência da fragilidade das contas externas. Baixo crescimento que impede a melhoria das
contas públicas, que torna crônicos
o desemprego e a violência -e que o
próximo presidente terá de encontrar meios de superar.
Próximo Texto: Editoriais: DESGASTE GRATUITO Índice
|