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MUNDO OBESO
A humanidade está mais pesada, revelam estatísticas em
série. Nos EUA, em 20 anos o percentual de obesos dobrou entre adultos e triplicou entre crianças. Hoje,
61% dos norte-americanos pesam
mais do que deveriam. Na França,
onde o problema sempre foi menos
grave do que em outros países europeus, a obesidade e seu estágio anterior -o excesso de peso- crescem a
uma taxa de 6% ao ano desde 2000.
A epidemia não se restringe aos ricos. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde, um terço dos obesos do planeta vive em em países
subdesenvolvidos. Estudo da Faculdade de Medicina da USP encontrou
40% da população adulta acima do
peso no Sudeste do Brasil.
Resultado de pouco exercício físico
e excesso de calorias, a obesidade
vem sendo tratada com um receituário que combina abandono de hábitos sedentários e reeducação alimentar. Surgem agora sinais de que a
pressão deixará de recair apenas sobre os que ultrapassam o peso, atingindo a indústria que os alimenta.
Reportagem publicada no domingo pela Folha informou que a Kraft,
líder norte-americana e segunda
empresa mundial no setor alimentício, vai estabelecer limite para o tamanho de suas porções, tornar menos calórico o conteúdo de alguns
produtos e suspender ações de marketing dentro de escolas.
Sem prejuízo da preocupação social, o gesto da Kraft revela o temor,
por parte da indústria de alimentos,
de hostilidade pública e processos
judiciais ligados ao avanço da obesidade, relacionada a doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão,
entre outros males. Também as autoridades pretendem conter a oferta
de calorias. No próximo ano letivo, o
lanche nas escolas públicas de Nova
York terá menos pizzas e nada de refrigerantes nas máquinas de comida.
É inevitável a comparação com o
que aconteceu à indústria do tabaco,
hoje submetida a extensa regulamentação. Tudo caminha para que
as empresas do setor de alimentos
sofram alguma limitação em seu
apelo para que as pessoas comam
sem parar. E, assim como os fumantes, os obesos serão tema de um debate que por vezes opõe políticas de
saúde pública e liberdade individual.
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