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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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MUNDO OBESO

A humanidade está mais pesada, revelam estatísticas em série. Nos EUA, em 20 anos o percentual de obesos dobrou entre adultos e triplicou entre crianças. Hoje, 61% dos norte-americanos pesam mais do que deveriam. Na França, onde o problema sempre foi menos grave do que em outros países europeus, a obesidade e seu estágio anterior -o excesso de peso- crescem a uma taxa de 6% ao ano desde 2000.
A epidemia não se restringe aos ricos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, um terço dos obesos do planeta vive em em países subdesenvolvidos. Estudo da Faculdade de Medicina da USP encontrou 40% da população adulta acima do peso no Sudeste do Brasil.
Resultado de pouco exercício físico e excesso de calorias, a obesidade vem sendo tratada com um receituário que combina abandono de hábitos sedentários e reeducação alimentar. Surgem agora sinais de que a pressão deixará de recair apenas sobre os que ultrapassam o peso, atingindo a indústria que os alimenta.
Reportagem publicada no domingo pela Folha informou que a Kraft, líder norte-americana e segunda empresa mundial no setor alimentício, vai estabelecer limite para o tamanho de suas porções, tornar menos calórico o conteúdo de alguns produtos e suspender ações de marketing dentro de escolas.
Sem prejuízo da preocupação social, o gesto da Kraft revela o temor, por parte da indústria de alimentos, de hostilidade pública e processos judiciais ligados ao avanço da obesidade, relacionada a doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão, entre outros males. Também as autoridades pretendem conter a oferta de calorias. No próximo ano letivo, o lanche nas escolas públicas de Nova York terá menos pizzas e nada de refrigerantes nas máquinas de comida.
É inevitável a comparação com o que aconteceu à indústria do tabaco, hoje submetida a extensa regulamentação. Tudo caminha para que as empresas do setor de alimentos sofram alguma limitação em seu apelo para que as pessoas comam sem parar. E, assim como os fumantes, os obesos serão tema de um debate que por vezes opõe políticas de saúde pública e liberdade individual.



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