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DESENCANTO MEXICANO
Vicente Fox foi o principal
derrotado nas eleições mexicanas de domingo, nas quais estiveram
em disputa as 500 cadeiras da Câmara dos Deputados, o governo de 6
dos 31 Estados e diversas prefeituras.
O PAN (Partido da Ação Nacional),
legenda de centro-direita à qual o
presidente pertence, teve seu espaço
na Câmara reduzido. O PRI (Partido
Revolucionário Institucional), que
governou o México por 71 anos até
perder para Fox em 2000, não apenas
viu crescer sua bancada -que já era
a maior- como elegeu quatro governadores. O PRD (Partido da Revolução Democrática), sigla de centro-esquerda que é a terceira força legislativa, registrou o maior crescimento
em termos proporcionais. Liderança
do PRD, o prefeito da Cidade do México, Andrés Manuel López Obrador,
fortaleceu-se como pré-candidato à
Presidência em 2006.
Fox elegeu-se prometendo crescimento econômico de 7% e a criação
de 1 milhão de empregos por ano,
além de reformas -fiscal, trabalhista e do setor elétrico- que serviriam
para aumentar a capacidade de investimento do governo. Perto de concluir a metade de seu mandato, tem
para apresentar uma economia que,
na esteira da crise norte-americana,
permanece praticamente paralisada.
Quanto às reformas, o presidente
jamais conseguiu reunir base parlamentar suficiente para aprová-las.
Nas eleições de domingo, pela terceira vez consecutiva, nenhum partido
obteve maioria absoluta na Câmara
-para analistas, tal resultado pode
contribuir para prolongar a paralisia
legislativa do governo Fox.
Além da desaprovação ao presidente, o eleitorado manifestou desencanto com os políticos de maneira
geral. A abstenção, de 59%, foi a
maior da história do país. Além desse "silêncio", como definiu o próprio
Fox, fica como alerta emitido pela votação o fortalecimento do PRI, cujas
práticas clientelistas e autoritárias estão longe de desaparecer.
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