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PIMENTA NA BASE
Da reforma ministerial que virá, se
vier, por ora apenas se ouvem o zumbido da intriga, as bazófias menores
e o oráculo da suposta estratégia presidencial, Pimenta da Veiga, ministro
das Comunicações. Mas, a não ser
que o ministro veja realizado seu desejo de colocar o PMDB para fora do
governo, um eventual remanejamento no ministério terá ao menos de resolver o embaraço criado por um
coordenador político, Pimenta, que é
malquisto por um dos três maiores
partidos da coalizão governista.
Vale lembrar que a reforma ministerial é apenas a mais recente desavença do ministro com o PMDB. À
Folha, Pimenta disse que não há possibilidade de o governo ficar na dependência da maioria de três quintos
no Congresso. Isto é, além de sugerir
que o presidente abra mão de aprovar
reformas complexas, o ministro Pimenta insinua que é hora de expurgar os peemedebistas.
Mas, ainda antes da ladainha ministerial, Pimenta já se empenhava na
refrega com seu colega peemedebista
da Justiça, Renan Calheiros. As investidas de Pimenta se tornaram públicas durante o vexame da nomeação
do diretor da Polícia Federal. Agora,
em meio à teledesordem, reanudaram a crise no governo, pois Pimenta
negou publicamente a Calheiros o direito de tomar providências a respeito das falhas das telefônicas.
Não têm sido apenas com o PMDB
as rusgas de Pimenta. O ministro discutiu com Antonio Carlos Magalhães
a respeito da convocação de Pedro
Malan pela CPI dos Bancos.
Por duas vezes pareceu que suas comunicações com o Planalto teriam a
mesma qualidade dos interurbanos
desta semana, pois declarações suas
a respeito das opiniões do presidente
foram contestadas pelo porta-voz de
Fernando Henrique Cardoso. O Planalto negou que tenha criticado a paralisia do Congresso, como dissera
Pimenta, e desautorizou a estratégia
de reforma ministerial apresentada
por seu coordenador político.
Ministros se batem em público. Alguns deles e seus partidos contestam
a autoridade do presidente. O coordenador político é pivô de intrigas e
parece em descompasso com o Planalto. Se evitar atritos era o mote da
reforma ministerial homeopática
que planejava, FHC parece estar livre
dessa preocupação, livre para promover uma alteração em regra.
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