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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Semana da Família
Neste mês de agosto, as comunidades cristãs dedicam-se a refletir sobre as "vocações", isto é, sobre o
chamado de Jesus Cristo para que cada discípulo conheça a sua missão na
Igreja. Nas comunidades, promovem-se dias de oração para que os jovens
encontrem e sigam a própria vocação.
Além do discernimento vocacional,
é necessário responder com generosidade ao convite divino. A exemplo de
Maria, escolhida para Mãe do Salvador, aprendamos a dizer "sim" ao
apelo de Deus e a assumir com alegria
a nossa missão. A Mãe de Jesus é, para
os discípulos de Cristo, o modelo perfeito de como devemos cumprir com
amor o desígnio divino nesta vida.
Neste mês, celebra-se ainda a Semana Nacional da Família (de 10/8 a 18/
8), uma vez que a maior parte da juventude cristã vai orientando-se para
o matrimônio e a vida familiar. No entanto, nos últimos tempos, em nossa
sociedade, o vínculo conjugal e a convivência em família têm sofrido profundas alterações e detrimentos, com
enorme saldo negativo para os cônjuges e os filhos. O egoísmo parece apoderar-se do coração humano e fechar
sempre mais a pessoa em si própria.
Segue-se a frustração que nasce da
busca sôfrega de prazer e do desperdício das próprias qualidades nas distrações e miragem vazias de sentido. Nada entristece mais a pessoa do que enclausurar-se em si mesma. Quem é feito para amar só poderá realizar-se no
dom gratuito de si aos outros. O egoísmo está na raiz da separação conjugal,
cada vez mais frequente, e do esfacelamento familiar.
A Semana da Família convida-nos a
redescobrir, à luz de Deus e dos valores do Evangelho, a beleza da doação
conjugal e da formação de um lar cristão. As situações negativas entre cônjuges e o descaso pelos filhos não devem ofuscar a percepção do desígnio
divino que leva o homem e a mulher a
se unirem por amor numa entrega generosa e definitiva, abençoada pelo sacramento do matrimônio. Pensemos
nos exemplos cotidianos dos que se
santificam na reciprocidade do dom
de si, sabendo progredir sempre mais
na fidelidade e na alegria de fazer o outro feliz. Na vivência desse amor conjugal, os filhos hão de ser ajudados a
superarem a atração pelo egoísmo, a
se sentirem acolhidos pelos pais e a se
abrirem aos outros. É no lar que, desde criança, encontramos afeto, apoio e
coragem de viver. Felizes são os que
recebem de seus pais e familiares a iniciação à fé e, desde cedo, voltam seu
coração para Deus, aprendendo a
confiança filial nas dificuldades, a partilha e o perdão fraterno, indispensáveis para vencermos o ódio e as injustiças neste mundo. É a ocasião de pedirmos a Deus que nos ensine a auxiliar os que não receberam desde cedo
o aconchego e a ternura de um lar.
Diante de muitas crianças e adolescentes pobres e ricos que não tiveram
um ambiente familiar amoroso e sadio, somos todos chamados a perceber essa carência afetiva e até o sofrimento e o abandono em que vivem.
Não raro essa situação acarreta um
desequilíbrio psíquico e tristeza no íntimo da pessoa. As crianças que nunca
tiveram carinho e colo materno ou
não conheceram o afeto dos próprios
pais precisam ser amadas e receber
das comunidades e famílias supletivas
o maior interesse e acompanhamento
para a descoberta do próprio valor. As
pessoas idosas, enfermas ou portadoras de deficiências merecem especial
solicitude no seio de suas famílias e
nas comunidades. Para sermos capazes de superar nossas deficiências e de
oferecer aos outros a prova de amor
cristão, procuremos voltar o coração
para Deus e renovar o espírito de
compreensão no próprio lar. Lembremo-nos de que a família que reza sempre terá força para permanecer unida
e ajudar os outros com amor.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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