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A ARGENTINA E O FMI
A Argentina cumpriu as metas monetárias e fiscais do
acordo firmado em setembro do ano
passado com o Fundo Monetário Internacional. No entanto o FMI postergou, pelo menos até setembro, a
revisão trimestral de seu programa
de empréstimos de US$ 13,8 bilhões.
O Fundo, refletindo a posição dos
governos dos países ricos, pressiona
por uma melhor oferta na renegociação da dívida argentina com os credores privados, estimada em US$
100 bilhões. O país propôs um desconto de 75% sobre o valor dos títulos. Os credores querem um desconto de 40%. O Fundo deseja também
uma compensação aos bancos em
razão das perdas ocasionadas pela
desvalorização do peso além de auditorias em duas instituições financeiras públicas (os bancos Nación e
Provincia) e a renegociação dos contratos firmados com as empresas
prestadoras de serviços.
Por sua vez, o Ministério da Economia da Argentina divulgou um documento com severas críticas ao papel
do FMI, assinalando as falhas nos
prognósticos feitos em relação à economia do país por técnicos da instituição, a falta de apoio ou a oposição
aberta às decisões tomadas para debelar a crise e o condicionamento da
assistência financeira à realização de
negociações "de boa-fé" com os credores. O documento considera contraditório o FMI declarar que não se
devem utilizar fundos públicos para
resgatar credores privados, "mas, simultaneamente, fazer pressões políticas para apoiar interesses privados
e, assim, tentar conseguir que o país
devedor apresente uma oferta de
reestruturação incompatível com
seus recursos".
Ao que consta, a melhor saída para
a Argentina seria procurar retornar
ao sistema financeiro mundial, mas,
diante da gravidade da crise, parece
legítimo que o governo procure fazer
uso de sua condição de grande devedor para tentar obter maior margem
de manobra na definição de suas políticas econômicas, reduzindo a interferência externa bem como a
transferência de recursos para o exterior. É nesse contexto que deveria ser
entendida essa longa queda-de-braço entre o governo argentino e o FMI.
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