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CRISE NOS PRESÍDIOS
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, e o presidente
do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira, defenderam ontem que a Justiça amplie a
aplicação de penas alternativas como
uma das maneiras de contornar a superlotação das prisões.
O quadro, de fato, é dramático. Entre 1995 e 2003, segundo estudo encomendado pelo governo federal, a
população carcerária do país passou
de 148.760 detentos para 308.304. De
acordo com o levantamento, o país
padece de um déficit de 122 mil vagas
em estabelecimentos penitenciários
-ou seja, essa é quantidade estimada de pessoas mantidas presas em
locais inadequados para o cumprimento das penas, como as carceragens das delegacias de polícia.
Nas palavras do ministro, "o remédio para a situação de nossos presídios não é simplesmente mais dinheiro, sendo essa uma questão
mais complexa do que se imagina".
A questão de fato não é simples. Parece correto defender que a Justiça,
de um lado, utilize mais as penas alternativas e, de outro, acelere a libertação de presos em condições de deixar as penitenciárias. Sem dúvida,
medidas como essas, que atuam nas
portas de entrada e de saída das prisões, aliviariam o sistema prisional.
Clamar por elas, porém, não dispensa o poder público de investir em
novos presídios. Esse, aliás, foi um
compromisso assumido no início do
governo Luiz Inácio Lula da Silva,
mas que, lamentavelmente, não foi
cumprido como anunciado. A situação como está é insustentável e possivelmente não deixaria de sê-lo mesmo se as penas alternativas, já razoavelmente utilizadas no país, viessem
a ser adotadas com mais freqüência.
É indispensável, portanto, atuar
nas duas frentes: o Executivo precisa
reunir recursos para ampliar as vagas
e o Judiciário e o Legislativo devem
procurar conferir mais racionalidade
à distribuição de penas.
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