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FERNANDO RODRIGUES
A corrupção "limpinha" do PT
BRASÍLIA - País abúlico, atrasado e de quinta categoria, o Brasil assiste à
maior operação abafa de sua história
num caso de corrupção federal sistêmica neste caso do mensalão. Vigora
como nunca o detestável sofisma
criado em Brasília, segundo o qual
existiriam dois tipos de políticos:
1) os que precisam de dinheiro para
fazer política;
2) os que precisam da política para
fazer dinheiro.
É mais fácil o Brasiliense ser campeão brasileiro de futebol neste ano
do que alguma alma dentro do Congresso admitir fazer parte da segunda categoria de políticos.
Nessa lógica, montou-se a estratégia de fantasiar de recurso de campanha eleitoral a farra dinheirista promovida por uma parcela do PT.
A saída jurídica brotou e vicejou
com a aprovação de um ministro experiente nos meandros da criminalidade e do dinheiro secreto. Os petistas abraçaram a idéia. Conhecem o
alto grau de resiliência da bonomia
nacional. Fazem em público, sem pudor, a defesa de uma corrupção mais
limpinha (sic). Menos suja.
O substituto de Silvio Pereira no
PT, o deputado paulista Ricardo Berzoini, fala em "gradação de delitos".
Sugere haver diferença entre o receptor de dinheiro sujo para campanha
eleitoral e o tomador de recursos para uso próprio. Como se doadores secretos fossem duendes ou fadas, seres
idílicos que nunca esperam benefícios em troca de suas bondades.
Essa análise indigente tem ampla
guarida no Congresso. Deputados e
senadores de quase todos os partidos
representados estão relacionados, direta ou indiretamente, com o esquema montado pelo pseudopublicitário
Marcos Valério de Souza.
A não ser que apareça uma prova
material contundente contra algum
figurão da República, o desfecho é
certo. Serão cassados alguns pobres
coitados, pouquíssimos peixes grandes. E Lula, bem, Lula seguirá dizendo que teremos de engoli-lo.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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