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BOLSA-DESCONTROLE
O fato de o governo federal ter
deixado de fiscalizar a freqüência em sala de aula dos alunos
beneficiados pelo programa de
transferência de renda Bolsa-Família
subtrai dessa modalidade de gasto
social uma de suas funções básicas.
Sem a contrapartida do comparecimento à escola, o programa reduz-se
apenas ao que em parte ele já é: um
amplo projeto assistencialista a fundo perdido através do qual o país reconhece sua incapacidade de promover a inclusão pela via do crescimento, do emprego e da universalização
dos serviços, e oferece como compensação donativos para aliviar as
condições de subsistência das populações miseráveis.
Esse tipo de política compensatória
é compreensível num país marcado
por carências e forte concentração de
renda como ainda é, infelizmente, o
caso do Brasil. Todavia, sem desconhecer os efeitos benéficos, não é
possível ver nessas políticas a solução para o problema da exclusão social. O desejável, obviamente, é que
cada vez mais o Estado possa prescindir desses programas e que a qualidade de vida dos brasileiros de baixa renda se eleve de maneira produtiva, com desenvolvimento econômico, oportunidades de trabalho, desconcentração da riqueza e investimentos em saúde e educação.
Nesse sentido, é deplorável a negligência com esse aspecto construtivo
do programa, que é o de induzir as
famílias a matricular seus filhos na
rede de ensino e incentivá-los a freqüentar as aulas. Obviamente que
não se trata de propor um comportamento estritamente punitivo do poder público, a suprimir o auxílio a cada ausência de contrapartida. O controle é importante para evitar desvios
e avaliar os resultados com vistas a
ações positivas de correção.
É perfeitamente possível organizar
um sistema de acompanhamento,
mesmo porque já existiam controles
na gestão anterior. Não há dúvida de
que eles podem e devem ser aperfeiçoados, mas isso não justifica o fato
de a burocracia da área social do governo ter simplesmente abandonado
a fiscalização do programa.
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