São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Verbas estaduais
"É lamentável que a Folha, mesmo alertada, tenha prosseguido no equívoco de considerar verbas de convênios divididas pelas populações das cidades evidências de supostos privilégios partidários que não existem. Mesmo levando em conta esse critério enganoso, o título da reportagem ("Cidades geridas pelo PSDB obtêm mais verba do Estado", Brasil, pág. A4, 9/9) não se sustenta. O próprio quadro publicado com o texto demonstra que, nos valores empenhados em 2004, os maiores beneficiados foram as prefeituras administradas por "outros partidos" (R$ 18,59 per capita), "sem partido" (R$ 16,01 per capita), PFL (R$ 15,30 per capita), PTB (R$ 12,86 per capita), PDT (R$ 12,67 per capita) e PP (R$ 12,62 per capita). Apenas depois, em sétimo lugar, vem o PSDB, com R$ 12,41 per capita. O PSDB dirige 252 prefeituras no Estado (40% dos 645 municípios), e o PT tem 41 prefeitos (6%). As prefeituras do PSDB receberam 39% dos recursos dos convênios assinados em 2003 e 40% dos recursos assinados em 2002, e as prefeituras do PT receberam 9% dos recursos de convênios assinados em 2002 e 16% dos recursos dos convênios pagos em 2003. Não há, portanto, nenhum privilégio a administrações municipais tucanas, diferentemente do que afirma a reportagem. Infelizmente a reportagem ignorou esses números. O título da reportagem também é desmentido pela informação de que nada menos do que 66% do total de investimentos do Estado entre 2002 e 2004, no total de R$ 12,3 bilhões, foi feito em cidades administradas pelo PT. Os municípios administrados pelo PSDB receberam R$ 2,9 bilhões, o que dá 4,2 vezes menos do que as prefeituras do PT. Essa diferença não se deve à cor partidária da administração, mas, sim, ao fato de o PT administrar algumas das mais populosas cidades do Estado (capital, Guarulhos, Campinas e Ribeirão Preto, por exemplo), e é para elas que o Estado direciona investimentos pesados, como o Rodoanel, a Calha do Tietê, os Poupa-Tempo, investimentos em saneamento e outros."
Arnaldo Madeira, secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Ricardo Brandt - O Tesouro Nacional adota os mesmos critérios da reportagem. O próprio governador Geraldo Alckmin usou o critério para falar sobre gastos em publicidade. As prefeituras do PSDB tiveram, sim, os maiores repasses. A análise per capita mostra a discrepância em relação ao total de moradores nas cidades com mais verbas. Os valores de investimentos diretos do Estado constam da reportagem.

Alternância
"A declaração da senhora prefeita de São Paulo a respeito da conseqüência de sua não-reeleição é de deixar qualquer cidadão indignado ("Vitória de Serra trará "crise política" de anos, diz Marta", Brasil, 9/9). Em 2002, a população brasileira, ao eleger Lula presidente e ao derrotar os candidatos petistas nos principais Estados -São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul-, demonstrou que não vê riscos em ter forças opostas nas diversas esferas. Se o risco de "crise política" fosse real, jamais prefeitos petistas teriam sido eleitos antes da chegada de Lula ao poder. Parece-me que, além de ser uma espécie de chantagem barata com a população, se trata de uma manifestação de desespero da senhora prefeita, que, com uma estrutura milionária de campanha nunca antes vista, não consegue afastar a sua rejeição. Todos sabemos que, para o bem da democracia, a alternância de forças no poder é fundamental."
Daniel Jorge de Freitas (São Paulo, SP)

Dinheiro
"Não consigo mais assistir à novela das oito ou ao "Jornal Nacional" sem presenciar a gastança desenfreada de dinheiro público estadual para alavancar a candidatura de José Serra. Não sei quanto custa o minuto no horário nobre da Globo, mas deve ser alguns milhares de vezes superior ao que eu gasto de pedágio na Nova Imigrantes ou com o IPVA do meu carro. Por que a Justiça Eleitoral finge que nada está acontecendo?"
Anna Gomes (São Paulo, SP)

Imprensa "venezuelana"
"Ao texto de Fernando Rodrigues de 8/9 ("O "Chávez brasileiro", Opinião, pág. A2), que relaciona a postura do governador do Paraná, Roberto Requião, à do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acrescento que é possível estabelecer outras semelhanças interessantes com o que acontece no país vizinho. Por exemplo: parte importante da mídia nacional, incluindo a Folha, comporta-se como a sua correlata venezuelana. Tal como lá, é radicalmente contra o presidente constitucionalmente eleito e aposta no seu fracasso. Atuando como porta-voz da oposição (PSDB e PFL), critica toda e qualquer iniciativa do governo federal -até o estímulo para que os brasileiros comemorem o Dia da Independência é visto no editorial da Folha como "um surrado repertório patrioteiro com o qual o país já teve oportunidade de conviver em tempos de funesta memória". A tentativa desonesta de ligar o atual presidente ao regime militar (do qual Lula foi vítima) é parte da campanha dos que querem caracterizá-lo como ditador e autoritário. Mas é importante ressaltar, a favor de nossa imprensa, que aqui ainda não há apoio a um golpe para "defender a democracia", como houve na Venezuela."
Airton Goes (São Paulo, SP)

Quintas-feiras
"Não concordo com a afirmativa de Otavio Frias Filho de que precisa de pausa para renovar idéias e opiniões (Opinião, pág. A2, 2/9). Acredito que o jornalista poderia exercer a atividade de colunista e, ao mesmo tempo, renovar as idéias. Até seria mais interessante o processo, pois nós, seus leitores, acompanharíamos a trajetória de renovação. Vou lamentar sempre a ausência dele nas quintas-feiras, meu dia predileto de leitura da Folha. Otavio Frias Filho e o psicanalista Contardo Calligaris, são os articulistas responsáveis por essa preferência."
Maria da Paz Cintra (Brasília, DF)

Petróleo
"Em relação à reportagem "ANP defende rodadas de licitação" (Dinheiro, 3/9), a Agência Nacional do Petróleo gostaria de esclarecer os seguintes pontos: 1) Não houve convocação por parte da ANP para uma entrevista coletiva para defender as rodadas anuais de concessão de áreas exploratórias. Essa defesa não foi feita em nenhum momento; 2) O encontro com os jornalistas teve como objetivo esclarecer dúvidas sobre a preparação e os objetivos das rodadas, atendendo a uma solicitação de jornalistas por ocasião da realização da sexta rodada, em 17 e 18 de agosto. No convite feito às Redações e na abertura, foi ressaltado que o encontro, ou café da manhã, não era uma entrevista coletiva, e sim uma oportunidade para esclarecer aspectos do processo licitatório; 3) O diretor John Forman informou (e não "reconheceu') que é competência do Ministério de Minas e Energia definir a periodicidade das rodadas, conforme a resolução nš 8 do CNPE, de 21 de julho de 2003; 4) A ANP lamenta que uma oportunidade para esclarecer dúvidas técnicas sobre o processo licitatório tenha sido usada de forma inadequada."
Luiz Fernando Manso, assessor de imprensa da ANP (Rio de Janeiro, RJ)


Texto Anterior: Fernando de Barros e Silva: Odorico, o fiscal de Lula
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.