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Caminho indesejável
NOS SETE primeiros meses
deste ano, o setor público
brasileiro arrecadou R$
79,6 bilhões a mais do que gastou, descontados os pagamentos
de juros da dívida pública -uma
economia 26,8% maior do que
em igual período de 2006. O resultado elevou a 4,4% do PIB o
superávit primário acumulado
no período de 12 meses findo em
julho. Tudo indica, portanto, que
deverá ser cumprida com folga a
meta de superávit primário de
3,8% do PIB em 2007.
A maneira pela qual esses resultados vêm sendo obtidos, no
entanto, continua preocupante.
Dois mecanismos se combinam:
um aumento expressivo da arrecadação tributária -fruto do
crescimento da economia, da sofisticação da fiscalização e da timidez das medidas de desoneração de impostos- e um desempenho pífio dos investimentos
públicos. Permanecem com
atrasos consideráveis em seus
cronogramas de execução mesmo os projetos prioritários de infra-estrutura nas áreas de rodovias, energia elétrica e ferrovias.
O aumento de arrecadação e o
baixo investimento têm propiciado a contínua elevação dos
gastos correntes. Segundo o Tesouro Nacional, as despesas do
governo central com pessoal e
encargos sociais somaram
R$ 66,4 bilhões (4% do PIB) de
janeiro a julho, o que representou um aumento de R$ 8,14 bilhões em relação ao mesmo período de 2006, quando corresponderam a 3,8% do PIB.
Diante dessas tendências, é
importante que o Congresso
aprove o projeto de lei complementar que prevê limitar o crescimento real das despesas com
pessoal da União a 1,5% a cada
ano. A proposta foi lançada pelo
governo no início do ano e vem
sendo mantida em banho-maria.
Conter o crescimento dos gastos
com pessoal da máquina pública
é crucial para abrir espaço para
encaminhar soluções para os
graves gargalos na infra-estrutura brasileira.
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