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A DANÇA DAS ALIANÇAS
Com a recomendação de voto
em José Serra feita pelo PFL e
com a adesão de Ciro Gomes e Anthony Garotinho a Luiz Inácio Lula
da Silva, o grande jogo das alianças
eleitorais para o segundo turno vai se
definindo. Falta saber a opção de legendas menores, como o PTB e o
PPB. Mas faltam sobretudo os acertos regionais, que nem sempre seguem a lógica dos nacionais.
Em Estados como São Paulo, Rio
Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e
Ceará, o segundo turno para o governo local mimetiza o confronto nacional. Nesses Estados haverá divisão
automática entre um lado, que sustenta Serra, e outro, favorável a Lula.
Mas a dificuldade surge quando se
examinam situações como as de
Santa Catarina e Paraná. Em ambos,
o candidato do PMDB que disputa o
turno final está mais próximo de Lula, apesar de o partido ser coligado a
Serra na corrida pelo Planalto. No
Paraná, também o adversário do peemedebista Roberto Requião, Álvaro
Dias, é de um partido (PDT) que fechou com o PT em âmbito nacional.
Se Lula privilegiar um palanque, pode ver diminuído o apoio do outro.
Mesmo em unidades da Federação
em que a adesão do governante eleito
parece automática, há detalhes a
considerar. Aécio Neves, em Minas,
apóia naturalmente seu correligionário Serra, mas tem feito esforços para
não "queimar as pontes" com Lula.
O vice de Aécio, Clésio Andrade
(PFL), disse ontem que vota no presidenciável do PT. Também o apoio de
Garotinho a Lula, no Rio, tem condicionantes: o ex-governador não quer
subir no mesmo palanque que a governadora petista Benedita da Silva e
há vários prefeitos de seu partido que
são inimigos inarredáveis do PT.
Somem-se os esdrúxulos apoios de
ACM e da família Sarney a Lula e o
que restará é um cenário multifacetado de "apostas" políticas.
É evidente que a grande maioria do
eleitorado não segue a orientação de
partidos ou de políticos na hora de
decidir o seu voto para a Presidência.
A dança complexa que ora se observa
-de caráter partidário, ideológico,
regional e, até, pessoal- diz respeito a outro tópico. Trata-se da formação de dois ambientes político-partidários distintos, que prenunciam governos também distintos.
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