São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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A DANÇA DAS ALIANÇAS

Com a recomendação de voto em José Serra feita pelo PFL e com a adesão de Ciro Gomes e Anthony Garotinho a Luiz Inácio Lula da Silva, o grande jogo das alianças eleitorais para o segundo turno vai se definindo. Falta saber a opção de legendas menores, como o PTB e o PPB. Mas faltam sobretudo os acertos regionais, que nem sempre seguem a lógica dos nacionais.
Em Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Ceará, o segundo turno para o governo local mimetiza o confronto nacional. Nesses Estados haverá divisão automática entre um lado, que sustenta Serra, e outro, favorável a Lula. Mas a dificuldade surge quando se examinam situações como as de Santa Catarina e Paraná. Em ambos, o candidato do PMDB que disputa o turno final está mais próximo de Lula, apesar de o partido ser coligado a Serra na corrida pelo Planalto. No Paraná, também o adversário do peemedebista Roberto Requião, Álvaro Dias, é de um partido (PDT) que fechou com o PT em âmbito nacional. Se Lula privilegiar um palanque, pode ver diminuído o apoio do outro.
Mesmo em unidades da Federação em que a adesão do governante eleito parece automática, há detalhes a considerar. Aécio Neves, em Minas, apóia naturalmente seu correligionário Serra, mas tem feito esforços para não "queimar as pontes" com Lula. O vice de Aécio, Clésio Andrade (PFL), disse ontem que vota no presidenciável do PT. Também o apoio de Garotinho a Lula, no Rio, tem condicionantes: o ex-governador não quer subir no mesmo palanque que a governadora petista Benedita da Silva e há vários prefeitos de seu partido que são inimigos inarredáveis do PT.
Somem-se os esdrúxulos apoios de ACM e da família Sarney a Lula e o que restará é um cenário multifacetado de "apostas" políticas.
É evidente que a grande maioria do eleitorado não segue a orientação de partidos ou de políticos na hora de decidir o seu voto para a Presidência. A dança complexa que ora se observa -de caráter partidário, ideológico, regional e, até, pessoal- diz respeito a outro tópico. Trata-se da formação de dois ambientes político-partidários distintos, que prenunciam governos também distintos.



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