São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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CRESCIMENTO ADIADO

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial está praticamente estagnada. Cresceu apenas 0,1% em julho e 0,3% em agosto, em relação ao respectivo mês anterior. A pequena expansão tem sido liderada pelo extrativismo mineral, basicamente petróleo. A Petrobras espera garantir um aumento de 13% na produção doméstica de petróleo neste ano. Alguns segmentos exportadores (aves, óleos vegetais, siderurgia e celulose) e outros ligados à agroindústria (fertilizantes e máquinas agrícolas) também contribuíram para sustentar o nível da atividade industrial. Em geral, as indústrias estão utilizando apenas 78,2% da capacidade produtiva instalada.
Enquanto isso, a taxa de inflação continua em alta. Nos nove meses do ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já acumula alta de 5,6%. Em 12 meses, atinge 7,93%. A desvalorização cambial, acima de 45% no ano, é o que mais pressiona os custos das empresas, que tentam repassar pelo menos uma parte do aumento de matérias-primas, peças e componentes importados para os preços. Esses repasses de custos dificultam a desaceleração dos índices de preços e criam embaraços para a redução dos juros.
A meta de inflação inicialmente definida pelo governo para 2002 era de 3,5%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Esse teto já foi ultrapassado. Porém a meta acertada com o Fundo Monetário Internacional, no acordo de agosto, foi ampliada para 6,5%, com variação de 2,5 pontos percentuais, teto ainda não atingido.
As incertezas predominantes na economia mundial e a aversão ao risco dos investidores estrangeiros devem continuar dificultando a rolagem dos títulos de dívida externa brasileira -pública e privada. Isso significa que a taxa de câmbio deve permanecer sob fortes pressões, impondo restrições à queda da inflação e da taxa de juros. Assim, a retomada dos investimentos e do crescimento econômico vai sendo adiada. As estimativas sobre o desempenho do PIB foram reduzidas para 1,3% em 2002 e para 2,3% em 2003. Sem crescimento significativo à vista, prolonga-se o drama da economia brasileira.



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