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CARLOS HEITOR CONY
O nome dele
RIO DE JANEIRO - Todos sabem o nome dele. É uma figura exótica por
dentro e por fora. Ajudou a eleger deputados com menos de 500 votos,
mas a culpa não foi dele, e sim da lei
eleitoral, que é retrógrada.
O milhão e meio de eleitores que
votaram nele estão sendo xingados,
demonizados. Pelo que tenho lido
nas folhas e ouvido no rádio e na TV,
o Brasil, sem esse milhão e meio de
eleitores, seria o paraíso terrestre, viveríamos a idade de ouro cantada
por Ovídio e prometida por tantos
candidatos politicamente corretos,
levados a sério pela mídia.
Bem ou mal, o dr. Enéas é conhecido nacionalmente. Creio que já foi
candidato presidencial duas vezes e
sabe-se mais ou menos o que ele pensa e como pensa: aos arrancos, como
um iluminado. E os outros que foram
votados, têm a mesma transparência
(boa ou má, não importa)?
Por brincadeira, protesto ou espírito de porco, seja o que for, quem votou nele está na mesma condição dos
cultos eleitores que votaram em Lula
ou em Serra. Não existe uma fita métrica para medir essas coisas. Há convenções, isso sim, como a da linha do
Equador e a da linha média dos times de futebol, que são linha imaginárias.
É evidente que não votei nem votaria no Enéas. Aliás, não votei nas
eleições de domingo, porque, em certo sentido, não vejo muita diferença
entre o Enéas e os não-Enéas. Sei que
ele tem idéias que o vulgo denomina
de direita. E daí? FHC foi eleito porque seus eleitores julgavam que ele
era de esquerda -e deu no que deu,
nem durante o regime militar tivemos uma política econômico-social
tão à direita.
Imagino o horror do eleitorado
paulista mais esclarecido, os PhD da
USP, os empresários da Fiesp, pasmos
diante do milhão e meio de eleitores
que votaram no Enéas. De duas,
uma: ou o Enéas é um iluminado que
nos salvará a todos ou é mesmo um
louco varrido que, mais cedo ou mais
tarde, será varrido de nossa paisagem política.
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