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ELIANE CANTANHÊDE
Acabou a brincadeira
BRASÍLIA - O clima político é de otimismo, quase de euforia. Mas o clima
econômico é de pessimismo, com o
dólar e o risco Brasil disparando.
Tanto o otimismo, por um lado,
quanto o pessimismo, por outro, são
atribuídos à eleição e ao segundo turno entre um candidato governista,
José Serra (PSDB), e outro oposicionista, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cada um lê como bem entende.
Na leitura dos governistas, a surpreendente e animadora renovação
de quadros políticos -com Maluf,
Quércia, Newtão e Collor, entre outros, voltando definitivamente para
casa- é um efeito direto da "era
FHC". Serra seria, portanto, o beneficiário dessa "nova fase".
Na leitura dos petistas, os louros
são naturalmente do PT, depois que
a onda vermelha varreu o país e, de
quarta bancada, o partido pulou para o primeiro lugar no Congresso.
Uma mudança e tanto, perfeita para
o discurso (de mudança) de Lula.
Na economia, os governistas mantêm o mesmo tom algo ameaçador do
primeiro turno, atribuindo o sobe-e-desce do dólar, das Bolsas e do risco
Brasil ao favoritismo de Lula. A comunidade internacional teria assimilado a legitimidade de Lula, mas
os investidores continuariam muito
aflitos. Serra daria "segurança".
O PT rebate dizendo o oposto: se há
pessimismo na economia, é justamente porque FHC e o atual governo
fizeram tudo errado. Agora, querem
Serra para se manter a qualquer custo e não mudar nada. Lula seria a solução para estancar os erros e começar os acertos.
Até Armínio Fraga, que se gaba e é
apresentado como neutro na disputa,
entrou ontem na dança com uma entrevista um tanto surreal: nem o presidente do BC falava de economia, de
cotação e dessas chatices, nem os repórteres de economia estavam interessados nisso. Só em política.
As projeções de segundo turno do
Datafolha davam 55% para Lula e
37% para Serra. Além do discurso,
eles amontoam aliados. Lula fechou
a oposição, FHC entrou com tudo para fechar os governistas. Ninguém,
pelo visto, está aí para brincadeira.
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