São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Vinho eleitoral
"Gostaria de levantar uma taça de vinho "Chapinha" para Elio Gaspari pela excelente colocação que fez em seu artigo "Lula 2002 toma Romanée-Conti 1997" (Brasil, pág. A6, 9/10). Fico admirada com o discurso do PT, que se coloca sempre preocupado com os menos favorecidos, com os que passam fome e com os desempregados, mas consegue degustar vinho que custa R$ 6.000. Está certo que Lula ganhou a garrafa, mas deveria ter vergonha de tomá-la em público. Milhões de brasileiros depositaram seus votos no PT acreditando que a comemoração pela vitória do candidato no primeiro turno seria feita com água e groselha. É isso o que a maioria dos brasileiros toma."
Cibele Santini Bonichelli (São Carlos, SP)

"O jornalista Elio Gaspari, profissional da melhor qualidade, deve ter tido um mal dia e resolveu gastar 1/4 de página da Folha para falar de uma cara garrafa de vinho que o candidato Lula ganhou e degustou. Rifar a garrafa e doar a renda para uma instituição beneficente é uma proposta sem sentido, demagógica e que não faz jus ao brilhante jornalista."
Elio Fiszbejn (São Paulo, SP)

Evangélicos
"Sociólogo da religião, ando sempre ligado nas informações que esse belo jornal veicula sobre os diferentes grupos religiosos. Em 8/10, a Folha disse-me que, no segundo turno da eleição presidencial, "a Universal, com seus 8 milhões de fiéis no país, se manterá neutra" ("Bispos da Universal decidem apoiar Lula", Eleições 2002, pág. Especial 10). Acontece que, em 13 de maio passado, a mesma jornalista que co-assina a reportagem de 8/10, Fernanda da Escóssia, ao divulgar os dados do Censo Demográfico 2000, informava-nos que, no Brasil, os seguidores da Universal são 2 milhões, e não 8 milhões, como diz agora. A diferença nos números é enorme -em qual das duas Fernandas da Escóssia devo confiar? Gostaria muito que ela pudesse esclarecer-me, pois os dados do IBGE especificando o tamanho de cada igreja evangélica ainda não estão acessíveis a todos os interessados, como eu."
Antonio Flavio Pierucci, (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Fernanda da Escóssia - Segundo o Censo 2000, o número de fiéis da Igreja Universal é de 2 milhões. O total de 8 milhões é o número de fiéis que a própria Universal diz ter.

Café
"Aproveitando a "Semana do Café de Qualidade", que se realiza em Santos (SP), no Museu do Café, peço aos ilustres palestrantes e às demais autoridades presentes no evento que esclareçam algumas dúvidas que atormentam milhões de brasileiros. Se o Brasil é o maior produtor de café do mundo, por que o brasileiro paga preços extorsivos pelo produto? Por que um cafezinho de mais ou menos 20 ml servido no bar da esquina custa mais caro do que uma lata (de alumínio) de cerveja de 350 ml? Por que o consumidor só encontra pó de café de péssima qualidade para comprar? Será que existem explicações ao menos razoáveis para essas indagações?"
Silvio de Barros Pinheiro (Santos, SP)

Espiritismo
"A reportagem "Sessão espírita "escondia" crime eleitoral no Amapá" (Eleições 2002, pág. Especial 11, 9/10), se válida enquanto relato tragicômico da realidade de alguns setores da política nacional, peca por classificar como "sessão espírita" um episódio grotesco, absolutamente distanciado de qualquer prática relacionada ao espiritismo. O espiritismo, sistematizado pelo pedagogo francês Allan Kardec no século 19, é uma doutrina filosófica com sólidas bases científicas e de profundas consequências morais. Mesmo que alguns setores desse movimento, especialmente no Brasil, o tenham transformado em mais uma religião, não é essa a sua natureza essencial, porque o espiritismo não tem cultos nem cerimônias litúrgicas e não se utiliza de imagens, de velas, de incensos nem muito menos da ingestão de bebidas alcoólicas como referido na reportagem. O hilariante episódio, por evidente, não pode ter tido como cenário uma instituição espírita, e os fatos que ali se relatam não têm a menor relação com o espiritismo."
Milton Rubens Medran Moreira, presidente da Confederação Espírita Pan-Americana (Porto Alegre, RS)

Eleição no Rio
"Fui surpreendido na manhã de ontem ao ler na Folha declaração com aspas atribuída a mim dizendo: "graças a Deus a Bené não foi eleita" (Viana comemora reeleição e melhor desempenho do PT", Eleições 2002, pág. Especial 18, 8/10). Para que não fique dúvida quanto ao respeito que tenho pela companheira Bené e pelo trabalho que ela desenvolve, quero esclarecer que não fiz tal declaração e que continuo considerando um tremendo prejuízo para o povo do Rio de Janeiro, para o PT e para o Brasil que a Benedita não tenha sido reeleita. Gostaria de deixar claro que eu, a senadora Marina Silva e a repórter Gabriela Athias falávamos sobre como poderia ser o cenário político no Rio de Janeiro com a eleição estando definida no primeiro turno. Comentávamos que, mesmo onde nós tínhamos perdido, o cenário poderia ser favorável para composições políticas visando assegurar a vitória do Lula no segundo turno. Estou tomando a iniciativa de esclarecer tanto a companheira Benedita quanto o presidente do PT, José Dirceu, sobre esse fato e espero que ele seja também esclarecido no "Painel do Leitor". Na oportunidade, parabenizo a Folha pela excelente cobertura das eleições em nosso Estado."
Jorge Viana, governador reeleito do Acre pelo PT (Rio Branco, AC)

Saúde indígena
"Oportuna a preocupação de Davi Copenaua, líder ianomâmi em Roraima, com a saúde dos índios brasileiros manifestada recentemente aos presidenciáveis. A complexa causa indígena, incluindo a sua saúde, poderia ser melhor equacionada com a participação entrosada e contínua das universidades públicas e dos centros e institutos nacionais de pesquisas."
Paulo Vieira, ex-médico dos ianomâmis (Rio do Sul, SC)

TRT-SP
"Sobre a reportagem "AGU apela contra sentença que absolveu Luiz Estevão" (Brasil, pág. A4, 9/10), cabe esclarecer: o ofício enviado pelo juiz ao Ministério da Justiça determina o levantamento de eventuais contas e imóveis no exterior. Em nenhum momento implica a quebra de sigilo de possíveis contas ou o arrombamento e a invasão de supostos imóveis, providências que não foram sequer requeridas pelo Ministério Público. Os documentos que comprovariam as alegadas remessas ao juiz Nicolau nada têm de oficiais. Foram obtidos por escritório de advocacia contratado pelo governo brasileiro, sem autorização judicial e, conforme perícia, não passam de grosseiras montagens que contêm assinaturas falsificadas. Os documentos não poderiam ter sido obtidos mediante o acordo de assistência jurídica entre Brasil e Estados Unidos, já que o mesmo só entrou em vigor em maio de 2001, seis meses após a juntada dos mesmos no processo."
Luiz Estevão de Oliveira Neto (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Frederico Vasconcelos - O juiz Casem Mazloum entendeu, em sua sentença, que "os documentos bancários foram remetidos pelo Departamento de Justiça dos EUA, ou seja, por órgão oficial daquele país, razão porque possuem como ínsita [inata] a presunção de legitimidade".



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