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EXPANSÃO PETISTA
A proximidade de 2004, quando estarão em disputa as prefeituras municipais, recoloca em cena as discussões acerca da relação
entre eleição local e poder central. Há
quem se incline a ver na disputa pelo
comando das cidades uma espécie
de terceiro turno da eleição presidencial, a confirmar ou não a opção já
feita. Nesse sentido, a ida às urnas no
ano que vem poderia até mesmo ganhar caráter "plebiscitário".
É preciso cautela diante de afirmações dessa ordem. Ainda que o desempenho do governo federal possa
influenciar direta ou indiretamente
na escolha de um prefeito, essa decisão, com a normalização democrática, parece guiar-se cada vez mais por
temas relacionados à esfera local. Isso não significa que o resultado municipal seja neutro para os partidos
do ponto de vista de suas ambições
estaduais ou federais. Longe disso.
Há determinados municípios de
projeção nacional que funcionam
não apenas como importantes bases
eleitorais mas também como espécie
de vitrines políticas. É o caso de São
Paulo, cidade de proporção "estadual", na qual uma derrota da atual
prefeita Marta Suplicy representaria
um golpe para o governo petista
-que tem procurado apoiá-la com
palavras, gestos e verbas.
Há, além disso, um outro Brasil em
disputa, aquele dos chamados "grotões", o país das mais de 5.000 prefeituras espalhadas pelo interior. Sua
conquista pode não ter grande efeito
midiático, mas é valiosa para tecer
uma rede de apoios com vistas a objetivos políticos mais amplos.
Se está preocupado com São Paulo,
o PT parece também estar voltado
para o embate nesses rincões. Em
suas contas, o partido espera aumentar de 201 para 500 o número de prefeitos e engrossar seu exército de vereadores dos atuais 2.500 para 7.000.
Não se deve subestimar o apetite do
PT -e ele tem sido convincente
quanto a isso- para ocupar postos e
estender seus tentáculos sobre a máquina pública. As eleições de 2004
parecem ser encaradas pelo partido
como uma chance de ouro para levar
adiante seu projeto expansionista.
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