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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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EXPANSÃO PETISTA

A proximidade de 2004, quando estarão em disputa as prefeituras municipais, recoloca em cena as discussões acerca da relação entre eleição local e poder central. Há quem se incline a ver na disputa pelo comando das cidades uma espécie de terceiro turno da eleição presidencial, a confirmar ou não a opção já feita. Nesse sentido, a ida às urnas no ano que vem poderia até mesmo ganhar caráter "plebiscitário".
É preciso cautela diante de afirmações dessa ordem. Ainda que o desempenho do governo federal possa influenciar direta ou indiretamente na escolha de um prefeito, essa decisão, com a normalização democrática, parece guiar-se cada vez mais por temas relacionados à esfera local. Isso não significa que o resultado municipal seja neutro para os partidos do ponto de vista de suas ambições estaduais ou federais. Longe disso.
Há determinados municípios de projeção nacional que funcionam não apenas como importantes bases eleitorais mas também como espécie de vitrines políticas. É o caso de São Paulo, cidade de proporção "estadual", na qual uma derrota da atual prefeita Marta Suplicy representaria um golpe para o governo petista -que tem procurado apoiá-la com palavras, gestos e verbas.
Há, além disso, um outro Brasil em disputa, aquele dos chamados "grotões", o país das mais de 5.000 prefeituras espalhadas pelo interior. Sua conquista pode não ter grande efeito midiático, mas é valiosa para tecer uma rede de apoios com vistas a objetivos políticos mais amplos.
Se está preocupado com São Paulo, o PT parece também estar voltado para o embate nesses rincões. Em suas contas, o partido espera aumentar de 201 para 500 o número de prefeitos e engrossar seu exército de vereadores dos atuais 2.500 para 7.000.
Não se deve subestimar o apetite do PT -e ele tem sido convincente quanto a isso- para ocupar postos e estender seus tentáculos sobre a máquina pública. As eleições de 2004 parecem ser encaradas pelo partido como uma chance de ouro para levar adiante seu projeto expansionista.


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