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A porta de saída
O ESPERADO relatório bipartidário do Congresso
americano sobre o Iraque
diz em linguagem clara que a situação é ruim e que não há muito
a fazer para melhorá-la.
O documento, assinado pelo
ex-secretário de Estado James
Baker (republicano) e pelo ex-congressista Lee Hamilton (democrata), trouxe uma oportunidade para a Casa Branca mudar o
foco e preparar a retirada, a "graceful exit" (saída honrosa), como
diz a imprensa dos EUA.
A questão é saber se o presidente Bush vai agarrá-la. Os sinais por ora são ambíguos. O republicano continua falando em
permanecer "até a vitória", algo
que o relatório descarta como
objetivo viável, mas já demitiu o
secretário da Defesa que arquitetou a invasão e o substituiu por
Robert Gates, que tem uma visão
bastante crítica da situação.
Bush segue afirmando que não
vai negociar diretamente com o
Irã e a Síria -uma das principais
recomendações do relatório-,
mas autoriza o premiê iraquiano,
Nuri al Maliki, a convocar uma
conferência regional de paz, que
colocaria Washington em contato com Teerã e Damasco.
Tudo indica, pois, que Bush,
sem chegar a ponto de admitir
que a aventura iraquiana foi um
desastre, dispõe-se a adotar uma
política de redução de danos.
É possível, entretanto, que para o Iraque já seja tarde demais.
A invasão precipitou o país numa
guerra civil que deverá prolongar-se por anos. Se as tropas
americanas saírem precipitadamente, é possível até que o Iraque se fragmente em Estados menores. A única certeza é que a
intervenção cujo objetivo era democratizar e pacificar o Oriente
Médio converteu-se num novo
foco de tensões e terror.
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