São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006

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A porta de saída

O ESPERADO relatório bipartidário do Congresso americano sobre o Iraque diz em linguagem clara que a situação é ruim e que não há muito a fazer para melhorá-la.
O documento, assinado pelo ex-secretário de Estado James Baker (republicano) e pelo ex-congressista Lee Hamilton (democrata), trouxe uma oportunidade para a Casa Branca mudar o foco e preparar a retirada, a "graceful exit" (saída honrosa), como diz a imprensa dos EUA.
A questão é saber se o presidente Bush vai agarrá-la. Os sinais por ora são ambíguos. O republicano continua falando em permanecer "até a vitória", algo que o relatório descarta como objetivo viável, mas já demitiu o secretário da Defesa que arquitetou a invasão e o substituiu por Robert Gates, que tem uma visão bastante crítica da situação.
Bush segue afirmando que não vai negociar diretamente com o Irã e a Síria -uma das principais recomendações do relatório-, mas autoriza o premiê iraquiano, Nuri al Maliki, a convocar uma conferência regional de paz, que colocaria Washington em contato com Teerã e Damasco.
Tudo indica, pois, que Bush, sem chegar a ponto de admitir que a aventura iraquiana foi um desastre, dispõe-se a adotar uma política de redução de danos.
É possível, entretanto, que para o Iraque já seja tarde demais. A invasão precipitou o país numa guerra civil que deverá prolongar-se por anos. Se as tropas americanas saírem precipitadamente, é possível até que o Iraque se fragmente em Estados menores. A única certeza é que a intervenção cujo objetivo era democratizar e pacificar o Oriente Médio converteu-se num novo foco de tensões e terror.


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