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Ação integrada
Gabinete de segurança reunindo Estados do Sudeste é ato promissor para agregar inteligência contra crime organizado
OS GOVERNADORES do
Sudeste deram um
passo importante no
combate ao crime organizado ao lançar, anteontem,
no Palácio Laranjeiras no Rio, o
Gabinete Integrado de Segurança Pública da região.
Já há tempos os cartéis criminosos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo
se comunicam e mantêm negócios em comum. É no mínimo
óbvio que as polícias desses e de
outros Estados também precisam atuar em conjunto para enfrentar de forma mais eficiente a
ameaça. Se há algo surpreendente aqui é que a iniciativa não tenha surgido antes.
A melhor arma para combater
o crime organizado é a informação. Policiais nas ruas servem
para coibir delitos eventuais e
transmitir a sensação de segurança à população. Quando se
trata, porém, de impor reveses às
quadrilhas, o que melhor funciona é a inteligência. As polícias,
através de seus serviços de informação, precisam antecipar-se às
ações dos bandidos. Mais do que
isso, precisam ser capazes de investigar quem está por trás de cada grupo e reunir provas que permitam instruir um processo.
Os quatro governantes estaduais também estão corretos em
exigir uma maior participação do
governo federal na questão da
segurança pública. Ainda que a
Constituição atribua aos Estados
a responsabilidade primária por
esse setor, a União tem condições de fazer muito mais do que
tem feito.
A carta conjunta dos governadores apresenta uma série de pedidos que o presidente Lula deveria considerar e acatar. O principal é a ampliação do efetivo da
Polícia Federal nos Estados e sua
participação no Gabinete.
Além da PF, deveriam contribuir os serviços de informações
das Forças Armadas e unidades
de inteligência financeiras do
Ministério da Fazenda, do Banco
Central e do Fisco. Cercar o dinheiro do crime organizado permite não apenas localizar seus financiadores como também estrangular suas atividades.
A Polícia Rodoviária Federal e
as Forças Armadas -estas nas
áreas de fronteira- também podem ser acionadas para manter
uma presença mais ostensiva.
No plano orçamentário, o governo central precisa auxiliar os
Estados com recursos para que
estes invistam na modernização
de suas polícias e na construção
de prisões. É preferível um orçamento menor, ajustado à realidade financeira e que garanta desembolsos rotineiros, às peças de
ficção que têm prevalecido.
Menos oportunos parecem os
reclamos -ainda pouco detalhados- dos governadores por mudanças na legislação penal. Em
princípio, leis sempre podem ser
aperfeiçoadas. Contudo, quando
se tenta fazê-lo em momentos
em que a população é presa de
pânico, são grandes os riscos de
cometer equívocos.
O problema das autoridades
não é encontrar artigos no Código Penal nos quais possam enquadrar quem incendeie ônibus
com pessoas dentro, mas identificar os homicidas, processá-los,
condená-los e, na cadeia, mantê-los longe do crime. É nisso que
precisamos nos concentrar.
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