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TRABALHO PRECÁRIO
Novos dados confirmam que
os empregos no Brasil vêm se
tornando não apenas mais escassos,
mas também cada vez mais precários e informais. Esse processo se expressa, por exemplo, na queda da remuneração -que em 2003 foi especialmente dramática- e no forte aumento do número de pessoas que se
encontram "subocupadas", ou seja,
que trabalham menos de 40 horas
por semana, embora desejassem trabalhar mais.
A informalidade também avançou:
segundo o IBGE, no final de 2003 as
pessoas que trabalham sem registro
em carteira chegaram a 43% do total
de trabalhadores ocupados nas seis
maiores regiões metropolitanas do
país. O avanço da informalidade é
responsável por distorções. Impede
que o trabalhador tenha acesso a benefícios, corrói a arrecadação da Previdência e gera desvantagens competitivas para as empresas que cumprem a legislação trabalhista.
Os processos, correlatos, de precarização e informalização do trabalho
vêm se aprofundando desde o início
da década de 1990. Seu impacto adverso sobre a distribuição de renda
tem sido marcante. De acordo com
dados do IBGE, de 1990 a 2002 a participação dos ganhos dos trabalhadores na renda nacional decaiu de
45,3% para 36,1%.
É certo que, sobretudo para as empresas de menor porte, não é fácil
cumprir as obrigações trabalhistas.
Por isso faz sentido a idéia de que o
reforço da fiscalização (prometido
pelo Ministério do Trabalho) seja feito de modo concomitante a uma redução dos encargos sobre a folha de
pagamento das pequenas empresas.
Essas e outras iniciativas de fiscalização e de revisão da legislação poderão contribuir para minorar distorções no mercado de trabalho. No
entanto, uma melhora expressiva e
progressiva do emprego e do poder
de compra dos trabalhadores só poderá efetivamente ocorrer com uma
mudança no atual padrão de desenvolvimento econômico. É preciso
que o país não apenas cresça a um
ritmo mais forte, como consiga distribuir melhor a riqueza produzida.
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