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MAIS POBRE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está
estudando maneiras de obter em
próximos levantamentos dados mais
precisos sobre o processo de favelização em curso no país. Segundo as
estimativas atuais, cerca de 9,2 milhões de pessoas vivem em favelas no
Brasil. O número é bastante questionável. Ele resulta de dados do Censo
de 2000 e de informações enviadas ao
IBGE por prefeituras de municípios
com mais de 200 mil habitantes.
Além da clivagem populacional, que
limita a contagem, e do risco de subnotificação, os critérios para determinar o que é uma favela são discutíveis. Tudo indica, portanto, que o
problema tenha dimensões maiores.
O crescimento das habitações precárias nas grandes cidades é um fato
que salta aos olhos. Sem ter absorvido de forma satisfatória o afluxo populacional provocado pelo processo
de industrialização e urbanização, o
país, nos últimos anos, vem enfrentando um ciclo de empobrecimento,
desemprego e baixo crescimento que
vai agravando as condições de vida
nos principais centros urbanos.
Ao fim de 2003, em termos reais, a
renda média auferida pelos trabalhadores brasileiros retornou ao nível
pré-Plano Real. Ou seja, os ganhos
de poder aquisitivo tão festejados à
época da estabilização da moeda já
foram perdidos. É sintomático que,
no ano passado, a produção da indústria no setor de bens semi ou não-duráveis, entre os quais encontram-se alimentos, vestuário e remédios,
tenha caído 5,5% em relação a 2002.
Paralelamente ao processo de deterioração do poder de compra, verifica-se o persistente avanço do desemprego e a consolidação, no plano
macroeconômico, de um padrão
medíocre e concentrador de crescimento que se estende por décadas.
Trata-se de uma combinação perversa, cujo resultado só pode ser
mais pobreza, sob a forma de mais
favelas, mais insegurança e mais desigualdade social.
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