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PLÍNIO FRAGA
Respostas rápidas
RIO DE JANEIRO - A brutalidade
de um crime estimula a classe política a tentar dar respostas rápidas,
mas essas, em geral, vêm por meio
de discursos, em vez de medidas
práticas. A barbaridade feita por
um grupo de jovens no assalto seguido da morte cruel de um menino
de 6 anos provoca a retomada da
discussão da necessidade ou não da
redução da maioridade penal.
Em julho, o Estatuto da Criança e
do Adolescente completa 17 anos.
Às vésperas da maioridade, está na
linha de tiro daqueles que acham
que é um escudo, não de proteção
de direitos, mas da possibilidade de
jovens cometerem crimes e ficarem
impunes.
Num contexto de reforma ampla,
é aceitável aumentar de três para
dez anos o tempo a que um jovem
infrator pode ser mantido sob "medidas socioeducativas", ou seja, sob
restrição da liberdade, como propôs o governador José Serra.
Os jovens de hoje são mais maduros do que os do passado, em razão
de viverem em uma sociedade repleta de informação, argumentam
aqueles que defendem que caia de
18 para 16 anos, por exemplo, a idade mínima para a responsabilização
penal. A redução da maioridade é
um tema a ser debatido, apesar de
que há exagerados que querem a
responsabilização a partir de 14 ou
até mesmo 12 anos.
A discussão é válida, mas está
longe de ser uma solução. O Estatuto da Criança e do Adolescente tem
mais qualidades do que defeitos.
Quarenta projetos na Câmara dos
Deputados tentam modificá-lo.
Mas, em vez de pensar só em aumentar as penas, mais valeria tentar reduzir as causas que levam ao
banditismo e a tantas mortes de jovens. É preciso romper o ciclo de
exclusão e ampliar as oportunidades desses jovens. Antes da ameaça
de ver o Sol nascer quadrado, é preciso que se permita a eles saber que
o Sol existe.
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