São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

A gincana do PSDB

SÃO PAULO - As evidências são de que Geraldo Alckmin está mesmo decidido a disputar a prefeitura paulistana. Como informou o "Painel" desta Folha, tucanos do círculo serrista, adeptos, como o governador, de uma aliança em torno da candidatura de Gilberto Kassab, já descrêem da possibilidade de acordo e começam a jogar a toalha.
Tratando-se de política, enquanto houver tempo a porta do entendimento ainda não estará totalmente fechada. Mas nem Alckmin nem Serra se mostram dispostos a passar pela fresta.
Falta, dos dois lados, um mínimo de confiança recíproca, sensação agravada pela ausência de uma estrutura partidária forte o bastante para disciplinar interesses pessoais em torno de um projeto comum.
Alckmin tem razões de sobra para desconfiar de que está diante de uma esparrela quando lhe oferecem a vaga do partido ao governo em 2010, desde que abra mão da disputa agora. Basta dizer que, em poucos meses, Serra promoveu um desmanche geral das posições e políticas herdadas do alckmismo. Nos livramos, por exemplo, do pensamento vivo de Chalita.
É flagrante, aliás, o desprezo de Serra -e de FHC, diga-se- por esse PSDB adventício, carola, provinciano, que se orgulha de "comer poeira" e "amassar barro". O negócio dos grão-tucanos, como se sabe, é "amassar neurônios" -inclusive os alheios, no caso do governador.
Mas Serra tem outras razões para se prevenir. Eleito prefeito, Alckmin começaria no mesmo dia a trabalhar pela candidatura presidencial de Aécio, que não por acaso é hoje quem lhe dá lastro político no PSDB, depois que FHC se manifestou a favor da aliança com o DEM.
Não resta muita dúvida, num eventual segundo turno entre Alckmin e Marta, do que seria mais interessante ao governador. Até para atrair a simpatia de setores do eleitorado do PT, veleidade que ele não disfarça de ninguém, embora o jogo de 2010 já comece tão desarrumado para os tucanos dentro de casa.


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