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FERNANDO DE BARROS E SILVA
A gincana do PSDB
SÃO PAULO - As evidências são de
que Geraldo Alckmin está mesmo
decidido a disputar a prefeitura
paulistana. Como informou o "Painel" desta Folha, tucanos do círculo serrista, adeptos, como o governador, de uma aliança em torno da
candidatura de Gilberto Kassab, já
descrêem da possibilidade de acordo e começam a jogar a toalha.
Tratando-se de política, enquanto houver tempo a porta do entendimento ainda não estará totalmente fechada. Mas nem Alckmin
nem Serra se mostram dispostos a
passar pela fresta.
Falta, dos dois lados, um mínimo
de confiança recíproca, sensação
agravada pela ausência de uma estrutura partidária forte o bastante
para disciplinar interesses pessoais
em torno de um projeto comum.
Alckmin tem razões de sobra para desconfiar de que está diante de
uma esparrela quando lhe oferecem a vaga do partido ao governo
em 2010, desde que abra mão da
disputa agora. Basta dizer que, em
poucos meses, Serra promoveu um
desmanche geral das posições e políticas herdadas do alckmismo. Nos
livramos, por exemplo, do pensamento vivo de Chalita.
É flagrante, aliás, o desprezo de
Serra -e de FHC, diga-se- por esse PSDB adventício, carola, provinciano, que se orgulha de "comer
poeira" e "amassar barro". O negócio dos grão-tucanos, como se sabe,
é "amassar neurônios" -inclusive
os alheios, no caso do governador.
Mas Serra tem outras razões para
se prevenir. Eleito prefeito, Alckmin começaria no mesmo dia a trabalhar pela candidatura presidencial de Aécio, que não por acaso é
hoje quem lhe dá lastro político no
PSDB, depois que FHC se manifestou a favor da aliança com o DEM.
Não resta muita dúvida, num
eventual segundo turno entre Alckmin e Marta, do que seria mais interessante ao governador. Até para
atrair a simpatia de setores do eleitorado do PT, veleidade que ele não
disfarça de ninguém, embora o jogo
de 2010 já comece tão desarrumado para os tucanos dentro de casa.
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