São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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O PREFEITO E AS MÁFIAS

Há indícios de corrupção envolvendo várias esferas da administração pública de São Paulo, das administrações regionais à Câmara Municipal, de secretarias do Executivo a autarquias, afetando desde o PAS até serviços como a varrição e coleta de lixo. Nunca, como hoje, pareceu tão apropriada à cidade a metáfora um tanto desgastada do mar de lama.
A gravidade e a extensão das denúncias impõem que as investigações se processem sem quaisquer restrições. Menos que isso, nas atuais circunstâncias, será insuficiente para que se comece a restaurar a legitimidade do governo municipal perante todos os paulistanos.
A autoridade moral ou política para governar fica altamente conspurcada quando um dos secretários municipais mais próximos do prefeito é acusado de formação de quadrilha e quando vereadores de sua base parlamentar, beneficiados pelo loteamento das administrações regionais conduzido pelo próprio Celso Pitta, são acusados, com base em fortes evidências, de comandar redes de recolhimento de propinas pela cidade.
A atual administração -herdeira, é bom lembrar, do malufismo- está conduzindo a maior e mais complexa cidade do país a uma situação vexatória e humilhante. São Paulo dá um péssimo exemplo ao país ao mostrar que não tem hoje representantes públicos moralmente aptos a equacionar e encaminhar soluções à altura de seus problemas.
Decerto que nem todos os dramas da cidade são de responsabilidade exclusiva do governo municipal nem foram gestados apenas na atual administração. Celso Pitta, no entanto, foi desde o início de seu governo no mínimo omisso com a corrupção que hoje tão fortemente atinge a cidade. Para que o governo de São Paulo possa recuperar, em seus diversos escalões, a necessária autoridade moral é imprescindível que as diligências em curso sejam levadas às suas últimas consequências.


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