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O tango de FHC
CLÓVIS ROSSI
Frankfurt - Boa parte dos economistas acredita que o desfecho da crise
brasileira não será nem "asiático"
nem "russo", mas "mexicano".
Ou seja, aconteceria no Brasil o que
aconteceu no México. Por isso, reproduzo o essencial de texto do "The Wall
Street Journal", o arquiliberal jornal
norte-americano, republicado segunda-feira pelo "Estadão".
A parte coincidente com o Brasil:
"Em troca de empréstimos internacionais de US$ 41 bilhões, o governo do
presidente Ernesto Zedillo concordou
em deixar o peso flutuar e em limitar
os gastos públicos ao essencialmente
necessário".
A parte luminosa do pós-crise: "Os
recursos (internacionais) ajudaram a
estancar a fuga de capitais, a moeda
mais fraca deu competitividade às exportações mexicanas e os cortes orçamentários permitiram a queda nas altas taxas de juros. O crescimento foi
retomado 18 meses após a desvalorização. A inflação, por sua vez, caiu dramaticamente".
A parte vida real do pós-crise: "O índice de mexicanos vivendo em condições de miséria absoluta passou de 1
em cada 7 pessoas antes da crise para
1 em cada 5 dois anos depois. Somando a esse quadro os trabalhadores vivendo em pobreza moderada (com
renda diária de US$ 3), quase dois terços da população do México hoje é
considerada pobre. Antes da crise, essa classificação abrangia menos da
metade dos mexicanos".
Detalhe: calcula-se que mesmo que a
economia cresça 5% ao ano, ainda vai
levar cinco anos (até 2004, portanto)
para que o México reduza o nível de
pobreza ao de 20 anos antes (84).
O título do artigo é "Lição mexicana:
saúde do país custa caro à população".
Há quase 30 anos, o general Emílio
Médici, então presidente do Brasil,
disse algo parecido: "O país vai bem, o
povo vai mal".
Se tudo der certo, temo que o máximo que FHC poderá fazer mais à frente será repetir Médici. Ou cantar o refrão do belo tango "Volver", aquele
que diz: "Veinte años no es nada".
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