São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2005

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PAINEL DO LEITOR

Avaliação
"A história recente de São Paulo é a melhor prova de como é equivocada a intenção de medir a administração municipal por uma pesquisa de opinião ao cabo de cem dias de governo: a ex-prefeita Marta Suplicy tinha rejeição de 14% após três meses de governo, mas essa taxa triplicou depois de um aumento de ônibus dado em maio (150 dias) - chegando a 42% -e cresceu ainda mais com o aumento dado após dois anos de governo. Já a prefeitura de José Serra, que não norteia suas decisões em pesquisas, corrigiu as tarifas nos primeiros cem dias (começo de março), após dois anos do congelamento eleitoreiro feito pela administração anterior. A edição do jornal agrava esse defeito genético da pesquisa ao esquecer as diferenças entre a situação específica de cada uma das administrações mencionadas, desde logo porque esta administração encontrou a cidade falida, desordenada e paralisada e enfrenta a circunstância de que a candidata derrotada teve 45% dos votos no segundo turno, continua em campanha, mantém um aparato de informação e contra-informação (mantido não se sabe como!) e seu partido tem impedido que a Câmara de Vereadores funcione e vote projetos tão essenciais como a reforma previdenciária. Nunca aconteceu semelhante despropósito na história recente de São Paulo. Tudo isso caracteriza o "contexto de caos administrativo e financeiro" legado por Marta, como bem reconhece o editorial da mesma edição. Aproveito a ocasião para registrar a minha opinião de leitor do jornal de que tem sido insuficiente a cobertura dispensada pela Folha às realizações da prefeitura. A mais notória insuficiência foi a mesquinhez do registro da inauguração de uma unidade de atendimento de saúde para 9.000 pessoas no Jardim Ângela -de enorme significado para os moradores dessa região das mais carentes de São Paulo- que estava fechada havia quase dois anos. Semelhante foi o tratamento diminuto e de pé de página (diferentemente dos outros jornais), como se fosse sem importância, do encurtamento de 120 dias para algumas horas do tempo necessário para a obtenção do cadastro que permite registrar uma empresa em São Paulo, um dos tópicos centrais da campanha e dos debates, ou ainda, o início das obras para eliminação das escolas de lata. Por último é estranho que, tendo estado com o prefeito e com secretários de governo na sexta-feira, os responsáveis pela edição não tenham, nem nesse momento, nem depois, procurado ouvir o "o outro lado" a respeito da pesquisa. É óbvio que fazê-lo nos dias subseqüentes não tem, nem de longe, o mesmo significado." Aloysio Nunes Ferreira Filho, secretário municipal de Governo de São Paulo (São Paulo, SP)

"Serra prometeu acabar com as taxas. Não acabou. Prometeu serenidade. Já bateu boca diversas vezes com cidadãos. Prometeu resolver a saúde, mas tudo continua na mesma. Prometeu "melhorar e ampliar" o que Marta tinha feito. Não melhorou o que Marta fez e ainda paralisou obras e programas por toda a cidade. O prefeito Serra deveria é agradecer que sua avaliação não é ainda pior." Elisa Hernandez (São Paulo, SP)

Gastos com publicidade
"Com relação à citação da Infraero na reportagem sobre gastos com publicidade do governo federal (Brasil, 8/4), gostaria de esclarecer que o aumento dos investimentos da empresa na área de publicidade teve como objetivo registrar uma mudança de atitude no relacionamento da empresa com seu público. Em 2004, a Infraero comandou o processo de renascimento do Aeroporto Internacional do Galeão, com a transferência dos vôos nacionais do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Da mesma forma, entregamos para a população a primeira fase da ampliação do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional do Recife. Além disso, temos participado ativamente do esforço do Ministério do Turismo em aumentar o volume de atração de turistas internacionais para o Brasil. Com o crescimento econômico registrado em 2004, a Infraero também aumentou o fluxo de mercadorias exportadas e importadas por via aérea, que totalizou mais de 1,3 milhão de toneladas. Uma das mais imperativas orientações que a Infraero recebeu do governo federal é o esmero no relacionamento com nossos clientes e usuários. Assim tivemos iniciativas não só de prestação de contas de nossas ações como de esclarecimento e de utilidade pública. Essa mudança de atitude na política de comunicação social da empresa é a responsável pelo aumento no volume de investimentos na área de publicidade." Nunzio Briguglio Filho, superintendente de Comunicação Social da Infraero -Aeroportos Brasileiros

"Com R$ 881 milhões é possível investir em ações de cunho social, como pagar um salário mínimo, durante um ano, para 282 mil companheiros; seria possível construir 80 mil salas de aula ou dezenas de milhares de postos de saúde. Poderia ser renovado o estoque das farmácias populares, poderia ser melhorado o atendimento do SUS, Ou, poder-se-ia gastar, perdulariamente, R$ 800 milhões em auto louvação publicitária." Se questionado há 28 meses qual das duas opções o companheiro Lula escolheria, qual seria a resposta? Seguramente, a primeira. Ocorre que o companheiro optou pela segunda. Alguém pode me explicar o que mudou?" Décio Luiz Gazzoni (Londrina, PR)

Na memória
"Infelizmente estamos acostumados e não nos chocam mais as agruras e barbáries cometidas contra os menos favorecidos. Parece que as autoridades estão percebendo isso e ficam inertes, esperando que tais atos caiam no esquecimento." Marcos Barbosa (Casa Branca, SP)

Ponte da Amizade
"A ponte da Amizade liga o Brasil ao Paraguai e foi inaugurada em 27/3/1965 pelos presidentes Castello Branco e Alfredo Stroessner. Comemoram-se 40 anos de sua construção e de combate à delinqüência organizada na fronteira. Segundo as atribuições dos órgãos de segurança pública, a Polícia Federal apura infrações em detrimento de bens, serviços e interesses da União, como os delitos de tráfico internacional de drogas, contrabando-descaminho, evasões de divisas etc. A Polícia Civil investiga crimes de receptação, furto e roubo de veículo, assaltos, estelionatos e tantos outros cometidos diariamente na ponte da Amizade ou nas suas imediações; já a Polícia Militar possui tarefa de prevenção da criminalidade em geral. O Regulamento para o Tráfego Marítimo nacional (decretos de 1982 e 92), expressa que não compete à Polícia Naval a execução de ações preventivas e repressivas da alçada de outros órgãos, mas pode eventualmente colaborar quando solicitada. Desde o Império (Constituição de 1824), o Poder Executivo empregava as Forças Armadas de mar e de terra, quando conveniente à segurança interna e externa; nas Cartas Magnas de 1891, de 1924 e na de 1988, a missão do Exército é manutenção das leis e da ordem externa, interna é secundariamente (Lei Complementar nš 97/99 - art. 15). Mas o controle da delinqüência na fronteira de Foz do Iguaçu não se resume à ponte da Amizade." Cândido Furtado Maia Neto, ex-Secretário Nac. de Justiça e Segurança Pública do Ministério da Justiça, promotor de Justiça de Foz do Iguaçu (Foz do Iguaçu, PR)

"Não se pode dizer que um líder autoritário, que praticamente utilizou métodos inquisitórios para calar padres que se preocupavam ou lutavam contra a opressão, é um legítimo representante do Nazareno. Jesus convivia habilmente com as diferenças. Tentava com bondade e humildade mostrar um outro caminho à sua comunidade. Só se tornava contundente contra os poderosos, jamais contra os oprimidos e injustiçados." Marcus Vinicius Vernucci de Alvarenga Campos (São José do Rio Preto, SP)

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