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RESISTÊNCIA ÀS REFORMAS
No que constitui uma humilhante derrota para o premiê
Dominique de Villepin, o governo
francês anunciou que desistiu de implementar a Lei do Primeiro Emprego (CPE). A decisão, do presidente
Jacques Chirac, deverá pôr fim a nove
semanas de protestos no país.
É uma vitória de associações estudantis e sindicatos, que patrocinaram as manifestações; mas é um
triunfo precário. Os que se opunham
à CPE foram capazes de evitar sua
implantação. Só que o problema que
levou o governo a propor a lei -os
altos níveis de desemprego entre jovens- permanece sem resposta.
A taxa de desocupação na França é
de 10% e chega a 22% entre jovens e a
40% nos subúrbios pobres. A CPE visava incentivar a admissão de pessoas de até 26 anos, permitindo que
as empresas as dispensassem sem
óbices legais durante os primeiros
dois anos de vigência do contrato.
Os franceses disseram em alto e
bom som que são contrários a qualquer tipo de flexibilização de sua generosa legislação trabalhista. É um
direito deles. O problema é que a manutenção dessas leis é em larga medida responsável pela estagnação da
economia francesa. Na verdade, o dilema afeta em maior ou menor grau
toda a Europa do "welfare state".
As empresas européias, que têm altos custos com mão-de-obra e impostos, não conseguem concorrer
com a Ásia, notadamente a China, e
nem mesmo com os EUA, cujo mercado de trabalho é bem mais desregulamentado -à custa, obviamente,
de proteção social do Estado.
Compreende-se que a população
européia relute em reformar seu modelo social. Só que o sistema como
ele é prejudica cada vez mais o dinamismo econômico. A saída mais razoável é encontrar meios de atualizá-lo sem perder seu núcleo. Os protestos em Paris não vão impedir os chineses de produzir a menores preços.
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