São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RESISTÊNCIA ÀS REFORMAS

No que constitui uma humilhante derrota para o premiê Dominique de Villepin, o governo francês anunciou que desistiu de implementar a Lei do Primeiro Emprego (CPE). A decisão, do presidente Jacques Chirac, deverá pôr fim a nove semanas de protestos no país.
É uma vitória de associações estudantis e sindicatos, que patrocinaram as manifestações; mas é um triunfo precário. Os que se opunham à CPE foram capazes de evitar sua implantação. Só que o problema que levou o governo a propor a lei -os altos níveis de desemprego entre jovens- permanece sem resposta.
A taxa de desocupação na França é de 10% e chega a 22% entre jovens e a 40% nos subúrbios pobres. A CPE visava incentivar a admissão de pessoas de até 26 anos, permitindo que as empresas as dispensassem sem óbices legais durante os primeiros dois anos de vigência do contrato.
Os franceses disseram em alto e bom som que são contrários a qualquer tipo de flexibilização de sua generosa legislação trabalhista. É um direito deles. O problema é que a manutenção dessas leis é em larga medida responsável pela estagnação da economia francesa. Na verdade, o dilema afeta em maior ou menor grau toda a Europa do "welfare state".
As empresas européias, que têm altos custos com mão-de-obra e impostos, não conseguem concorrer com a Ásia, notadamente a China, e nem mesmo com os EUA, cujo mercado de trabalho é bem mais desregulamentado -à custa, obviamente, de proteção social do Estado.
Compreende-se que a população européia relute em reformar seu modelo social. Só que o sistema como ele é prejudica cada vez mais o dinamismo econômico. A saída mais razoável é encontrar meios de atualizá-lo sem perder seu núcleo. Os protestos em Paris não vão impedir os chineses de produzir a menores preços.


Texto Anterior: Editoriais: ALÉM DO SALÁRIO
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Viva o "meu" corrupto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.