São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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ALÉM DO SALÁRIO

No que já é a mais longa greve desde 1987, professores da rede municipal de ensino de São Paulo estão de braços cruzados há 15 dias. A categoria reivindica que o salário inicial passe a ser de R$ 960 mensais. Hoje um docente com diploma de ensino superior e jornada de 20 horas semanais ganha R$ 615.
É pouco. São menos de dois salários mínimos. Trata-se de trabalhadores que freqüentaram uma faculdade e aos quais se confia a educação de crianças, uma missão fundamental para a sociedade.
Os vencimentos dos professores paulistanos são baixos comparados a outras capitais do Sudeste. Em São Paulo, a maior e mais rica metrópole do país, o docente recebe R$ 7,68 por hora-aula. A cidade em que a relação é mais alta é Belo Horizonte, com R$ 12,22 (variação de 37,15%). No Rio de Janeiro, o professor ganha R$ 8,17 e; em Vitória, cuja prefeitura é a única da região que paga menos do que a paulistana, R$ 7,08.
Não resta dúvida de que melhorar o salário dos professores deve ser uma prioridade não apenas da prefeitura paulistana mas de todos os Executivos municipais e estaduais do país.
Só que isso não basta. O salário do professor é apenas um dos ingredientes -e não o principal- de uma educação de qualidade, que deve ser uma das metas de todo governante. Medidas igualmente importantes são qualificar melhor os docentes e tentar envolver mais a família do aluno em seu aprendizado. Escolas que conseguem reunir professores preparados com participação ativa da comunidade costumam apresentar desempenho acadêmico consideravelmente superior à média.
Agora que a quase totalidade das crianças já vai à escola, é preciso cuidar para que elas recebam um bom ensino. Sem um substancial salto de qualidade na educação, o país está condenado a amargar pelo menos mais uma geração vivendo as agruras do atraso.


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