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ALÉM DO SALÁRIO
No que já é a mais longa greve
desde 1987, professores da rede municipal de ensino de São Paulo
estão de braços cruzados há 15 dias.
A categoria reivindica que o salário
inicial passe a ser de R$ 960 mensais.
Hoje um docente com diploma de
ensino superior e jornada de 20 horas semanais ganha R$ 615.
É pouco. São menos de dois salários mínimos. Trata-se de trabalhadores que freqüentaram uma faculdade e aos quais se confia a educação
de crianças, uma missão fundamental para a sociedade.
Os vencimentos dos professores
paulistanos são baixos comparados
a outras capitais do Sudeste. Em São
Paulo, a maior e mais rica metrópole
do país, o docente recebe R$ 7,68 por
hora-aula. A cidade em que a relação
é mais alta é Belo Horizonte, com R$
12,22 (variação de 37,15%). No Rio
de Janeiro, o professor ganha R$ 8,17
e; em Vitória, cuja prefeitura é a única
da região que paga menos do que a
paulistana, R$ 7,08.
Não resta dúvida de que melhorar o
salário dos professores deve ser uma
prioridade não apenas da prefeitura
paulistana mas de todos os Executivos municipais e estaduais do país.
Só que isso não basta. O salário do
professor é apenas um dos ingredientes -e não o principal- de
uma educação de qualidade, que deve ser uma das metas de todo governante. Medidas igualmente importantes são qualificar melhor os docentes e tentar envolver mais a família do aluno em seu aprendizado. Escolas que conseguem reunir professores preparados com participação
ativa da comunidade costumam
apresentar desempenho acadêmico
consideravelmente superior à média.
Agora que a quase totalidade das
crianças já vai à escola, é preciso cuidar para que elas recebam um bom
ensino. Sem um substancial salto de
qualidade na educação, o país está
condenado a amargar pelo menos
mais uma geração vivendo as agruras do atraso.
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