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Editoriais
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Operação frustrada
UM MÊS após iniciar uma
operação para recuperar
sete fuzis roubados em
março do 6º Batalhão de Infantaria Leve, de Caçapava (116 km
de SP), o Exército interrompeu a
ação sem conseguir encontrar o
armamento -um deles foi localizado, mas pela Polícia Civil.
Batizada de Ypiranga, a mobilização militar contou com helicópteros e veículos blindados.
Chegou a reunir 700 homens em
três cidades do Vale do Paraíba.
Reiterados roubos de armamento de alto poder letal do Exército
demonstram que não se tomaram providências adequadas
nesses depósitos, que continuam
vulneráveis.
A resposta do Exército lembra
outra megaoperação, realizada
há três anos no Rio de Janeiro.
Naquela ocasião, mais de mil homens foram mobilizados na ocupação de 12 favelas para recuperar, sob circunstâncias nebulosas, dez fuzis e uma pistola roubados de um quartel.
No caso de Caçapava, a desmobilização ocorreu um dia depois
de o Ministério Público Federal
anunciar que abriria uma investigação sobre a ação militar.
Além do questionamento da
competência constitucional, havia a suspeita de implantação de
toque de recolher e de intimidação contra moradores.
Como no caso carioca, o desgaste da operação de busca mostra que essas demonstrações de
força pouco fazem para evitar
que quartéis continuem sendo
alvo de bandidos. Até para que a
imagem das Forças Armadas seja resguardada, a recuperação de
armas roubadas deveria ficar a
cargo da polícia -que tem, aliás,
melhores condições técnicas para esse tipo de investigação.
Já a segurança dos depósitos
de armas precisa ganhar status
de prioridade nas Forças Armadas. Roubos e furtos constantes,
além de prejudicarem a imagem
da instituição, aumentam o poder de fogo do crime organizado.
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