São Paulo, sábado, 11 de abril de 2009

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Editoriais

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Operação frustrada

UM MÊS após iniciar uma operação para recuperar sete fuzis roubados em março do 6º Batalhão de Infantaria Leve, de Caçapava (116 km de SP), o Exército interrompeu a ação sem conseguir encontrar o armamento -um deles foi localizado, mas pela Polícia Civil.
Batizada de Ypiranga, a mobilização militar contou com helicópteros e veículos blindados. Chegou a reunir 700 homens em três cidades do Vale do Paraíba. Reiterados roubos de armamento de alto poder letal do Exército demonstram que não se tomaram providências adequadas nesses depósitos, que continuam vulneráveis.
A resposta do Exército lembra outra megaoperação, realizada há três anos no Rio de Janeiro. Naquela ocasião, mais de mil homens foram mobilizados na ocupação de 12 favelas para recuperar, sob circunstâncias nebulosas, dez fuzis e uma pistola roubados de um quartel.
No caso de Caçapava, a desmobilização ocorreu um dia depois de o Ministério Público Federal anunciar que abriria uma investigação sobre a ação militar. Além do questionamento da competência constitucional, havia a suspeita de implantação de toque de recolher e de intimidação contra moradores.
Como no caso carioca, o desgaste da operação de busca mostra que essas demonstrações de força pouco fazem para evitar que quartéis continuem sendo alvo de bandidos. Até para que a imagem das Forças Armadas seja resguardada, a recuperação de armas roubadas deveria ficar a cargo da polícia -que tem, aliás, melhores condições técnicas para esse tipo de investigação.
Já a segurança dos depósitos de armas precisa ganhar status de prioridade nas Forças Armadas. Roubos e furtos constantes, além de prejudicarem a imagem da instituição, aumentam o poder de fogo do crime organizado.


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