São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

"Programa de índio"
"O senhor Carlos Zarattini, secretário municipal dos Transportes de São Paulo, disse recentemente que as empresas de ônibus sempre tiveram má vontade com o deficiente. Que, para elas, os deficientes seriam um "traste" ("Secretário diz que empresas têm má vontade",Cotidiano, pág. C4, 9/5). O senhor Sergio Pavani, presidente do sindicato das empresas de ônibus, a Transurb, disse ainda que o ônibus de deficiente atrapalha a operação. Isso porque, com base na lei municipal nš 11.602/ 94, o TJ obrigou a adaptação de 10% da frota de ônibus. Hoje, a lei federal nš 10.048, de 2000, obriga a adaptação de toda a frota de ônibus, e não mais só 10%. A Secretaria Municipal de Esportes, na época do GP Brasil de F-1, disse que, para um deficiente, era um "programa de índio" meter-se num autódromo. A sra. Sueli Scutti, da mesma secretaria, disse que as pessoas portadoras de deficiência tiveram, no autódromo, um lugar adequado à sua condição. Resumo: colocaram-se todas em um único espaço, segregando-as. Bela solução. Em oposição a isso, a Folha de 9/5 ("Acidentes de trabalho matam nove por dia", Dinheiro, pág. B12) mostrou que, em 2000, o Estado gastou R$ 2 bilhões em benefícios com os mais de mil acidentes de trabalho que ocorrem por dia no Brasil (em decorrência desses, quantas pessoas não ficam deficientes?). O caderno Censo-2000, publicado também em 9/5, mostrou que 24 milhões de pessoas no Brasil são portadoras de alguma deficiência. Até quando o "programa de índio" e o "traste" vão imperar como falta de respeito das autoridades a toda uma coletividade de cidadãos? Será que elas não estão atentas para a realidade? Que traste!"
Carlos Roberto Perl, presidente do Inis -Instituto Nacional de Inclusão Social de Pessoas com Deficiência (São Paulo, SP)

Brasil
"A Folha é mesmo um jornal antigovernista. A mortalidade infantil diminui e a taxa de escolarização no país melhora, indicadores gritantes de progresso, e a manchete escolhida para a edição de 9/5 sobre os dados do Censo-2000 é o crescimento do número de evangélicos. Assim é demais. Não pega nada bem tanta parcialidade."
Helena Cristina Coelho (São Paulo, SP)

"É inaceitável que um jornal da importância da Folha não publique uma linha sobre uma greve nacional no Poder Judiciário federal, que envolve mais de 100 mil servidores. O notório alinhamento da pauta da Folha com a vontade do governo é uma vergonha e causa temor em quem pensa numa nação democrática, onde cada um deve cumprir o seu papel. O da imprensa é noticiar, e isso a Folha não está fazendo, sabe-se lá com que interesses."
Adermar Adams, presidente do Sindijufe/ MT (Cuiabá, MT)

Violência
"Sabemos a importância que o tema da violência tem para pais, professores e alunos, mas é importante refletir sobre ele com o máximo de bom senso. Se, por um lado, homicídios dão mais reportagens na imprensa, por outro, são os atos menos frequentes. O que realmente está presente no dia-a-dia da escola são atitudes de depredação e de agressão física, assim como bombas jogadas -além do tráfico de drogas. O que nos chama a atenção é que soluções extremadas -como a punição mais severa, o endurecimento do controle repressivo (câmeras de vídeo, revista de alunos, aumento dos muros)-, que deveriam ser a última alternativa, têm aparecido como primeira opção. Acreditamos que existam outras formas de lidar com o problema. Projetos que busquem fazer com que o aluno se sinta parte da escola, projetos que criem espaços de diálogo e de negociação (como o grêmio, o conselho escolar e a APM) e projetos para treinar a polícia escolar para, em conjunto com a escola, identificar os problemas mais frequentes. Nós temos buscado esses caminhos e garantimos que muitos dos conflitos existentes nas escolas não são caso de polícia."
Luciana Guimarães, diretora de projetos do Instituto Sou da Paz (São Paulo, SP)

"O novo "plano de Alckmin" ("Plano de Alckmin inclui até revistar aluno, Cotidiano, pág. C3, 8/5), com um investimento de R$ 98 milhões para a segurança nas escolas, pode ser até uma medida eleitoreira, mas é necessário devido ao caráter emergencial que enfrenta a segurança pública no Estado. O que é inaceitável são as opiniões do sr. Davi Tangerino (do Instituto Sou da Paz) e da sra. Maria Izabel Noronha (da Apeoesp ), que parecem "alheios" à crise da segurança, pois não fundaram suas críticas com soluções concretas. As catracas eletrônicas já funcionam com sucesso em várias escolas particulares. Por que só nas escolas públicas essa medida seria equivocada?"
Franco Emmerich Paula de Castro, estudante de direito e história na USP (São Paulo, SP)

Urnas
"No texto "Urna pode ser fraudada, diz ONU" (Brasil, pág. A13, 4/5), sobre as vulnerabilidades da urna eletrônica, destaquei, falando no Fórum Internacional Software Livre, a necessidade de o TSE abrir o código da urna e de seu sistema eleitoral, adotando o software livre como parte da solução para o processo inseguro e 100% vulnerável. Jamais afirmei que estava naquele espaço como representante da ONU. Além de ser assessor de segurança da empresa em que trabalho (Prodabel, de Belo Horizonte), sou inscrito como "roster advisor" da ONU para sistemas eleitorais. E a minha área de atuação é em missões de acompanhamento/apoio em processos de eleições nos países que solicitam o concurso da ONU (a exemplo de outras áreas, como militar, de saúde e de educação). Isso foi explicado e, mesmo tendo essas credenciais, estive naquele evento em nome do Fórum do Voto Seguro (www.votoseguro.org), que busca, desde 1997, dar condições de segurança ao processo eleitoral informatizado brasileiro. Não tenho nenhuma autorização para falar em nome da ONU nem em nome da Prodabel."
Evandro Oliveira (Belo Horizonte, MG)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".



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