São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Momento histórico

NUM DAQUELES raros momentos que merecem de fato o epíteto de históricos, protestantes e católicos da Irlanda do Norte deixaram para trás suas sangrentas desavenças e formaram um governo de coalizão para comandar o Executivo local. A Irlanda do Norte integra com a Inglaterra, o País de Gales e a Escócia o Reino Unido.
A importância do episódio transcende ao Reino Unido e mesmo à Europa. Ele mostra que um processo de paz bem conduzido pode levar à superação das piores rivalidades -os desentendimentos entre católicos e protestantes na Irlanda remontam ao século 17. Ainda há esperança para o Oriente Médio.
O novo gabinete é encabeçado pelo líder unionista (protestante) Ian Paisley e tem como como vice-premiê Martin McGuinness, do Sinn Fein, o braço político do IRA (Exército Republicano Irlandês), que, durante mais de três décadas, levou o terror a todo o Reino Unido.
A campanha do IRA foi o embate mais sangrento da Europa Ocidental no pós-guerra. Matou cerca de 3.500, mais ou menos a metade em atentados cometidos pela organização, que lutava pela incorporação da Irlanda do Norte (de maioria protestante) à República da Irlanda (independente e de maioria católica).
Vários fatores contribuíram para o êxito do processo de paz, que, como é natural, contou com muitas idas e vindas. A democracia na Irlanda se consolidou na esteira de seu extraordinário crescimento econômico ao longo dos últimos 20 anos. Os irlandeses da República, que antes davam apoio moral e financeiro ao IRA, deixaram de fazê-lo e, em muitos casos, passaram a contestar os meios utilizados pela organização. Na outra ponta, Londres ampliou a autonomia da Irlanda do Norte dentro do Reino Unido, abrindo novas perspectivas para a atuação política.


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