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Momento histórico
NUM DAQUELES raros momentos que merecem de
fato o epíteto de históricos, protestantes e católicos da
Irlanda do Norte deixaram para
trás suas sangrentas desavenças
e formaram um governo de coalizão para comandar o Executivo
local. A Irlanda do Norte integra
com a Inglaterra, o País de Gales
e a Escócia o Reino Unido.
A importância do episódio
transcende ao Reino Unido e
mesmo à Europa. Ele mostra que
um processo de paz bem conduzido pode levar à superação das
piores rivalidades -os desentendimentos entre católicos e protestantes na Irlanda remontam
ao século 17. Ainda há esperança
para o Oriente Médio.
O novo gabinete é encabeçado
pelo líder unionista (protestante) Ian Paisley e tem como como
vice-premiê Martin McGuinness, do Sinn Fein, o braço político do IRA (Exército Republicano
Irlandês), que, durante mais de
três décadas, levou o terror a todo o Reino Unido.
A campanha do IRA foi o embate mais sangrento da Europa
Ocidental no pós-guerra. Matou
cerca de 3.500, mais ou menos a
metade em atentados cometidos
pela organização, que lutava pela
incorporação da Irlanda do Norte (de maioria protestante) à República da Irlanda (independente e de maioria católica).
Vários fatores contribuíram
para o êxito do processo de paz,
que, como é natural, contou com
muitas idas e vindas. A democracia na Irlanda se consolidou na
esteira de seu extraordinário
crescimento econômico ao longo
dos últimos 20 anos. Os irlandeses da República, que antes davam apoio moral e financeiro ao
IRA, deixaram de fazê-lo e, em
muitos casos, passaram a contestar os meios utilizados pela organização. Na outra ponta, Londres ampliou a autonomia da Irlanda do Norte dentro do Reino
Unido, abrindo novas perspectivas para a atuação política.
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