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NELSON MOTTA
A estratégia do silêncio
RIO DE JANEIRO - Com a CPI
dos Apagados, finalmente saberemos o que aconteceu no acidente da
Gol. Certamente eles conseguirão
esclarecer o que todos os órgãos
técnicos não conseguiram. O que
nem Waldir Pires conseguiu. Serão
semanas eletrizantes. No final, a
culpa do caos nos aeroportos provavelmente será da imprensa, que o
ampliou para prejudicar o governo,
e das companhias aéreas, exploradoras do povo. As vítimas serão os
controladores.
Mas ninguém vai ligar. Melhor
assim: porque estamos vendo que,
quanto mais e pior se fala deles,
com os melhores motivos, mais eles
se juntam para se defender em bloco -os maus, os péssimos e até alguns bons. Unidos em torno de seus
poderes, prerrogativas e privilégios,
alto e baixo clero se juntam contra o
mundo exterior hostil e invejoso.
É melhor parar de criticar os que
vão às compras e ficam com o troco,
os que não se vexam em receber
reembolsos por despesas falsas ou
de se promover em reportagens pagas, com nota fiscal, em jornal da família. Olha o Jabor, que está ameaçado de processo porque debochou
da verdade.
Para defendê-los, vem aí a Advocacia Geral da Câmara, que vai cair
matando em cima das opiniões que
desagradem à corporação. Para
"preservar a instituição", é claro.
Quem diria que teríamos saudades dos 300 picaretas celebrizados
por Lula? Eram só 300, mas quem
poderá negar que, de lá para cá, o
nível baixou muito? Mas explicitar
o óbvio só provocaria a ira e a coesão de novos e velhos picaretas profissionais. Caluda! Os advogados
deles, pagos pelos nossos impostos,
não terão limites de tempo e recursos para infernizar a vida de quem
os ataca. Já o cidadão pagará do seu
bolso, com seu trabalho, para se defender. Pode até acabar absolvido,
mas falido.
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