São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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NELSON MOTTA

A estratégia do silêncio

RIO DE JANEIRO - Com a CPI dos Apagados, finalmente saberemos o que aconteceu no acidente da Gol. Certamente eles conseguirão esclarecer o que todos os órgãos técnicos não conseguiram. O que nem Waldir Pires conseguiu. Serão semanas eletrizantes. No final, a culpa do caos nos aeroportos provavelmente será da imprensa, que o ampliou para prejudicar o governo, e das companhias aéreas, exploradoras do povo. As vítimas serão os controladores.
Mas ninguém vai ligar. Melhor assim: porque estamos vendo que, quanto mais e pior se fala deles, com os melhores motivos, mais eles se juntam para se defender em bloco -os maus, os péssimos e até alguns bons. Unidos em torno de seus poderes, prerrogativas e privilégios, alto e baixo clero se juntam contra o mundo exterior hostil e invejoso.
É melhor parar de criticar os que vão às compras e ficam com o troco, os que não se vexam em receber reembolsos por despesas falsas ou de se promover em reportagens pagas, com nota fiscal, em jornal da família. Olha o Jabor, que está ameaçado de processo porque debochou da verdade.
Para defendê-los, vem aí a Advocacia Geral da Câmara, que vai cair matando em cima das opiniões que desagradem à corporação. Para "preservar a instituição", é claro.
Quem diria que teríamos saudades dos 300 picaretas celebrizados por Lula? Eram só 300, mas quem poderá negar que, de lá para cá, o nível baixou muito? Mas explicitar o óbvio só provocaria a ira e a coesão de novos e velhos picaretas profissionais. Caluda! Os advogados deles, pagos pelos nossos impostos, não terão limites de tempo e recursos para infernizar a vida de quem os ataca. Já o cidadão pagará do seu bolso, com seu trabalho, para se defender. Pode até acabar absolvido, mas falido.


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