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PLÍNIO FRAGA
Mamãe urso na TV
RIO DE JANEIRO - Dilma Rousseff apareceu na TV no final de semana, do Dia das Mães, rodeada de
mulheres, fazendo um discurso sobre a urgência de combater o crack,
que está esvaindo em fumaça parte
da juventude brasileira.
Num olhar apressado, sua fala na
inserção publicitária petista parece
extemporânea, como se sua campanha tivesse aderido ao projeto de
"viajar na maionese" anunciado pelo aliado (ou ex-aliado?) Ciro Gomes. Era uma propaganda de absorção difícil, apoiada em três palavras:
"autoridade, carinho e apoio". A
pré-candidata encerrava: "Vamos
vencer essa luta, e nós mães vamos
estar na linha de frente".
Foi uma mensagem dirigida ao
segmento do eleitorado que tem
apresentado grande resistência a
Dilma, o das mulheres. O PT usou o
fantasma do crack para tentar atingir esse estrato social por meio daquilo que qualquer mãe de qualquer classe social mais preserva, os
filhos. Apelativa? Com certeza. Eficiente? É difícil antecipar.
O PT carrega consigo uma imagem pouco atraente ao eleitorado
feminino. Lula sempre teve mais
votos entre homens do que entre
mulheres.
Uma célebre propaganda eleitoral americana de 1984 mostrava um
urso caminhando pela floresta. Dizia que muitas pessoas achavam
que o urso era dócil, outras, perigoso. E ainda havia aqueles que duvidavam da própria existência dele.
Encerrava dizendo que, quem quer
que estivesse correto, era momento
de apoiar alguém forte como um urso. Este alguém, revelava-se no final, era Ronald Reagan, o mais anticomunista dos presidentes americanos da era recente.
Uma boa propaganda pode transmitir como correta até uma ideia
duvidosa. A inserção de Dilma sobre o crack é uma espécie de mamãe
urso: assusta para poder oferecer a
mão pesada como apoio.
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