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VALDO CRUZ
Até quando?
BRASÍLIA - O Brasil entra hoje na
era da taxa de juros na casa de um
dígito. Desde que me entendo por
gente, estava acostumado a juros
oficiais bem mais altos.
Lembro do dia em que o Banco
Central, na época de FHC, jogou a
taxa para 45%. Foi um remédio
bem amargo, mas necessário diante
de uma inflação caminhando para o
descontrole.
Sem falar do governo Sarney,
quando vivemos ares de hiperinflação. Naquele tempo, a taxa de juros
chegou a bater na casa de 1.000% ao
ano. Isso mesmo, soa irreal, mas
aconteceu.
Agora, a dúvida é até quando teremos esse juro mais próximo do
mundo civilizado. Há quem diga
que, em 2010, a taxa subirá de novo
e voltará aos dois dígitos.
Risco, de fato, existe. O resultado
do PIB do primeiro trimestre, que
não foi tão ruim quanto previsto,
mostra um cenário de desbalanceamento na economia.
O consumo cresceu, mas os investimentos despencaram, equação
que sinaliza dor de cabeça no futuro. Não solucionada, gera inflação.
Teremos mais gente disposta a
comprar, e indústrias sem condições de atender tal demanda.
Daí que o governo precisa mudar
a dosagem dos remédios administrados para combater a crise. Com o
crédito voltando, pode reduzir os
estímulos ao consumo, como redução de IPI para automóveis, e focar
nos investimentos.
Se esse desequilíbrio não for corrigido, os juros voltam a subir mais
cedo do que imaginado. O que pode
acontecer no pior momento para o
governo, no ano eleitoral, estragando a felicidade de Lula. Ontem, ele
tinha motivos para comemorar. O
BC surpreendeu e reduziu os juros
de 10,25% para 9,25%.
Bem, só ia me esquecendo de um
pequeno detalhe. Essa nova era de
taxa de juros de um dígito ainda não
chegou ao nosso bolso e ao das empresas. Para nós, mortais, os juros
anuais ainda estão nas alturas, na
casa dos 50%.
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