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LUIZ FERNANDO VIANNA
O homem errado
RIO DE JANEIRO - Os últimos
dias mostraram que há no governo
federal um problema de "miscasting", como se chama em inglês a
escolha errada de um ator para determinado papel. O lugar certo para
o ministro da Defesa, Nelson Jobim, é a presidência da Petrobras.
Após ser criticado em jornais brasileiros por tecer comentários de
veracidade e gosto discutíveis sobre
o resgate de destroços e corpos, Jobim abriu sua boca de jacaré para
dizer que possui "costas de crocodilo", usou frase inquestionável ("Eu
optei pela angústia das famílias")
para explicar a pressa que teve em
falar e menosprezou a imprensa do
país que defende: "Só leio o "Le
Monde" e o "El País'".
Já o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, não só lê os jornais brasileiros como quer furá-los,
ou seja, antecipar a veiculação das
notícias. O blog "Fatos e Dados", da
empresa, se propôs a divulgar as
perguntas enviadas por jornalistas
à sua assessoria e as respectivas respostas antes da publicação das reportagens. A ideia intimidatória
quebra uma regra elementar de
confidencialidade, pois um veículo
saberia das pautas (não mais) exclusivas dos outros.
Ontem, a Petrobras recuou um
passo e disse que só porá as informações no blog à 0h do dia da publicação. A questão é que não cabe à
empresa dizer quando uma reportagem será publicada. Este atributo
é dos veículos de comunicação.
Gabrielli, que no programa "Roda
Viva" disse pretender "revolucionar o jornalismo", está se candidatando a editor de jornal. É bom saber que o salário não é tão bom e
que algum jornalista não petista pode pedir reciprocidade.
Mas Jobim é um postulante melhor ao cargo. Se lê apenas dois jornais estrangeiros, não vai se preocupar com o que publiquem aqui
sobre a empresa. Talvez assim, enfim, a Petrobras se torne "nossa".
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