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FERNANDO DE BARROS E SILVA
USP dos mascarados
SÃO PAULO - Chama a atenção, na
invasão da reitoria da USP por funcionários e estudantes, que muitos
tivessem os rostos cobertos. Uma
máscara branca escondia a cabeça
de um deles, que ainda usava óculos escuros; outro, encapuzado, tinha a face enrolada por uma echarpe estampada com as cores da bandeira palestina; uma terceira jovem
amarrou sua blusa no pescoço, cobrindo parcialmente o rosto. Dava a
sensação de estar em dúvida entre
escondê-lo ou exibi-lo.
Proteção ou fantasia? Disfarce
para evitar eventuais represálias ou
tentativa de obter, com a máscara,
um rosto, uma identidade possível?
Os mascarados da USP parecem
buscar referências e aliados históricos que deem um sentido heroico
para sua transgressão, mas os gestos que protagonizam os empurram
para a vala comum do vandalismo.
Correm o risco de se imaginarem
discípulos de Che Guevara e serem
confundidos com traficantes do Borel. A parede da reitoria que os fashion-revoltosos destruíram na marretada não é o Muro de Berlim.
E, no entanto, barbarizar está virando rotina na USP. Piquetes com
ameaças a funcionários e estudantes, invasão da reitoria e depredação do patrimônio público parecem
ter sido incorporados ao calendário
oficial do ano letivo da principal
universidade pública do país.
Os grevistas profissionais do Sintusp -o sindicato dos funcionários
da USP- precisam entender que vivem numa democracia, pela qual,
aliás, a universidade lutou muito.
Agem, no entanto, como se resistissem a uma ditadura a fim de legitimar sua pauta corporativa. Quanto
mais isolados parecem estar, mais
truculentos são seus métodos.
Desde que a reitoria não seja
transformada em acampamento de
guerra, tudo pode ser discutido.
Mas, como lembra a professora Eunice Durham, hoje os servidores ganham mais na USP do que receberiam fora dela. Já com os professores acontece o contrário. Deve-se levar isso em consideração quando o
assunto é o futuro da universidade.
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